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    1,5 milhão de pessoas abandonou mercado de trabalho em 1 ano

    MARIANA CARNEIRO
    ENVIADA ESPECIAL AO RIO

    29/11/2016 10h42 - Atualizado às 22h00

    A dificuldade em encontrar um emprego está levando um contingente crescente de brasileiros a abandonar o mercado de trabalho.

    No último ano, segundo o IBGE, 1,462 milhão de pessoas deixaram o mercado de trabalho. Ou seja não estavam nem trabalhando nem procurando emprego.

    Segundo o instituto, no trimestre de agosto a outubro, 64,7 milhões de pessoas estavam fora da força de trabalho.

    É o maior número de pessoas fora do mercado verificado pelo IBGE desde o início da atual pesquisa de emprego do instituto, iniciada em 2012.

    Só nos últimos três meses (ante o trimestre encerrado em julho), 668 mil pessoas abandonaram o mercado.

    Cimar Azeredo, gerente da pesquisa de emprego do IBGE, a saída de pessoas do mercado está associada a momentos de crise econômica.

    "Notícias de que não há emprego, de que está difícil se inserir no mercado, levam a população a um desestímulo", disse ele nesta terça (29). "Pode ser por desestímulo ou porque não deu tempo de procurar trabalho. Mas a indicação é que sejam pessoas voltadas para o desalento."

    Para confirmar essa tendência, diz, é preciso investigar em outras pesquisas do IBGE os motivos que têm levado as pessoas a não procurar emprego mesmo desocupadas e em idade de trabalhar.

    De toda forma, ele observa que esse movimento é incomum às vésperas do Natal, quando tradicionalmente aparecem as contratações temporárias de fim de ano.

    "É um evento não esperado, assim como o aumento da desocupação nessa época do ano", disse. "Normalmente no fim do ano há um aumento da população ocupada e uma redução da população fora da força de trabalho, e isso se desconfigurou."

    A taxa de desemprego voltou a subir, de 11,6% no trimestre de maio a julho, para 11,8% nos três meses de agosto a outubro. O número de desempregados também é o maior em quase quatro anos: 12 milhões. Um aumento de quase 33% ante o mesmo período do ano passado.

    TRÉGUA

    A pior notícia, porém, é que a recessão continua destruindo postos de trabalho a um ritmo preocupante. Foi a maior queda num trimestre desde o início da pesquisa, sugerindo que a deterioração do mercado de trabalho não dá sinal de trégua.

    Em comparação com o mesmo período do ano passado, 2,4 milhões de pessoas perderam seus empregos ou ocupações, seja no mercado formal como no informal. Destes, 1,2 milhão dos cortes foram na indústria.

    As vagas com carteira assinada também encolheram 3,7% ante o mesmo período do ano passado.

    Essa redução dos empregos de qualidade pode ter produzido um falso-positivo no rendimento dos trabalhadores. Nos últimos três meses, o rendimento médio habitual dos ocupados aumentou 0,9%, apesar do desemprego e da destruição de vagas. O rendimento médio habitual dos ocupados foi de R$ 2.025 no trimestre de julho a outubro.

    Para Azeredo, isso pode resultado da demissão de pessoas com salário mais baixo, o que acabou aumentando a média salarial dos que permaneceram empregados.

    A leitura da equipe econômica do Bradesco é que os números e os indicadores de confiança, recém-divulgados, sugerem "uma recuperação mais gradual da economia", com uma reação esperada do emprego em 2017.

    Os economistas do Itaú afirmam que este contexto desestimula o consumo das famílias e preveem que a tendência continuará à frente, "uma vez que a contração da atividade econômica ainda não teve seu impacto completo no mercado de trabalho".

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