• Mercado

    Monday, 06-May-2024 01:19:43 -03

    Andrade Gutierrez delata cartel em obras de urbanização de favelas do Rio

    RENATA AGOSTINI
    DE SÃO PAULO

    30/11/2016 18h17 - Atualizado às 20h39

    Reuters
     Favela da Rocinha, no Rio, foi cenário de caso recente de linchamento.
    Obras na favela da Rocinha, no Rio, foram alvo de cartel de empreiteiras, segundo a Andrade Gutierrez

    Após delatar um cartel nas obras da usina de Belo Monte, a Andrade Gutierrez entregou ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) detalhes de um esquema para fraudar licitação para obras em favelas do Rio de Janeiro.

    A empreiteira firmou novo acordo de leniência com o órgão, que instaurou processo administrativo para apurar o suposto cartel.

    Segundo a Andrade Gutierrez, as concorrências ocorreram para obras no Complexo do Alemão, no Complexo de Manguinhos e na Rocinha, informou nesta quarta-feira (30) o Cade.

    A licitação foi promovida pela Secretaria de Estado de Obras do Rio de Janeiro e financiada com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

    De acordo com a colaboração, participaram do esquema as empreiteiras Camargo Corrêa, Camter, Odebrecht, Delta, OAS, Queiroz Galvão, Carioca Christiani Nielsen Engenharia, EIT - Empresa Industrial e Técnica e Caenge.

    O acordo, firmado na segunda (28) em conjunto com o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, é mais um desdobramento da Operação Lava Jato.

    NEGOCIAÇÕES

    A Andrade Gutierrez informou que as conversas entre os concorrentes começaram em maio de 2007 e duraram até o início de 2008.

    As construtoras citadas estavam dividas em três consórcios e combinaram as ofertas que seriam feitas, informaram ao Cade os executivos da Andrade.

    A ideia era garantir que Queiroz Galvão, Caenge e Carioca levassem o lote referente à Rocinha, que Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Camter e EIT ficassem com as obras do Complexo de Manguinhos e que Odebrecht, OAS e Delta assumissem a urbanização do Complexo do Alemão.

    Segundo informações da Andrade Gutierrez, a construtora Camargo Corrêa ficou insatisfeita com o percentual que teria no consórcio e decidiu sair da disputa.

    OUTRO LADO

    Por meio de nota, a Andrade Gutierrez afirmou que o acordo "está em linha com sua postura de continuar colaborando com as investigações em curso".

    A empreiteira firmou, em maio deste ano, um acordo de leniência com o Ministério Público.

    A empresa disse ainda que seguirá conduzindo auditorias internas para "esclarecer fatos do passado que possam ser do interesse da Justiça e dos órgãos competentes".

    A Camargo Corrêa afirmou que celebrou acordo de leniência em que corrige irregularidades e que não participou do referido projeto.

    A Queiroz Galvão disse que não irá comentar investigações em andamento.

    Odebrecht, OAS e Carioca Engenharia não quiseram comentar. A reportagem não conseguiu contato com as construtoras EIT, Caenge e Camter.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024