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    Retomada da economia fica para 2017; analistas divergem sobre trimestre

    MARIANA CARNEIRO
    ENVIADA AO RIO
    RAQUEL LANDIM
    DE SÃO PAULO

    01/12/2016 02h00

    Após o novo resultado negativo do PIB brasileiro, economistas preveem que o fim da recessão ficou para 2017.

    Para Silvia Matos, da FGV, apenas no segundo trimestre do ano que vem a economia deverá dar sinais de que saiu do vermelho. Sérgio Vale, economista da consultoria MB Associados, arrisca que a virada poderia ocorrer antes, no primeiro trimestre do ano.

    RECESSÃO BRASILEIRA
    Economia cai pelo 7º trimestre seguido

    Mas o desempenho do próximo ano não será brilhante. Matos vê expansão de 0,6%, e Vale, de 1% em 2017 –previsão idêntica à do governo. "É um crescimento medíocre", afirma Vale.

    Economistas ressaltam que a retração mais forte no fim deste ano drena parte importante do crescimento de 2017, por mera herança estatística.

    Os primeiros dados disponíveis mostram que a atividade estava em queda em outubro, sinalizando um quarto trimestre pior que o projetado.

    Considerado um termômetro da atividade por registrar o movimento de insumos e mercadorias, o fluxo de veículos pesados nas rodovias recuou 3% em outubro em relação a setembro.

    A produção de papelão ondulado (que também ajuda a antecipar o desempenho da indústria) caiu 2% em outubro, na quarta queda seguida.

    "Ninguém está vendo sinais de recuperação, o que já começa a postergar a retomada", afirmou Juan Jesen, sócio da consultoria 4E.

    Ele apostava em uma recuperação da atividade neste fim de ano, mas agora prevê queda de 0,4% no quarto trimestre e estagnação em 2017.

    SINAIS RUINS - Indicadores antecedentes avaliados por economistas apontam para fraco desempenho do PIB no quarto trimestre

    Para Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria, a economia teve "espasmos" de recuperação pelo aumento da confiança gerado pela troca de governo após o impeachment, mas essa tendência ainda não se consolidou.

    Ela cita o setor automotivo como exemplo desse comportamento errático. Depois de subir em setembro, a produção de veículos voltou a recuar no mês seguinte.

    O economista-chefe da LCA Consultores, Braulio Borges, reconhece que o desempenho da economia ainda é irregular, mas está um pouco menos pessimista.

    Ele pondera que a inflação mais controlada ajudou a liberar um pouco o orçamento dos brasileiros, o que pode dar fôlego ao consumo.

    "Acredito que atingimos o fundo do poço neste fim de ano, mas ainda é impossível prever qual será a intensidade da recuperação ou até se a economia vai estagnar."

    Para Silvia Matos, da FGV, "não está fácil virar a página". Segundo ela, a chave é a capacidade de o governo entregar as reformas que corrijam a insolvência das contas públicas, principalmente a da Previdência.

    "Para sair da recessão, será necessário esforço de todos. Não adianta os Estados jogarem o problema para o governo federal e assim por diante. O setor privado está acuado, é um cenário muito delicado para as empresas, muitas podem quebrar."

    PIB por setores

    Sem a ajuda do consumo (emperrado pelo desemprego), da exportação, e do investimento, contido pela turbulência política, a única alavanca de crescimento que resta é a queda da taxa de juros.

    "A percepção de uma a­tividade mais fraca do que se esti­mava, com a inflação comportada, abre espaço para uma queda de juros maior ao longo de 2017", diz Vale.

    Dessa forma, o custo de empréstimos poderia diminuir, o que poderia pouco a pouco a destravar o consumo e ajudar os investimentos.

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