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    Imprevisível, Trump assusta gigantes de conteúdo nos Estados Unidos

    NELSON DE SÁ
    DE SÃO PAULO

    04/12/2016 02h00 - Atualizado às 12h24

    Um tuíte do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, em 2014, mantém as empresas americanas de tecnologia em estado de alerta desde sua vitória.

    Foi em resposta à regulação da neutralidade de rede (princípio pelo qual todos os dados devem ter tratamento isonômico na internet) pelo presidente Barack Obama.

    "O ataque de Obama contra a internet é outra tomada de poder de cima para baixo", escreveu Trump, em novembro daquele ano. "A neutralidade de rede é a Doutrina da Equidade. Terá como alvo a mídia conservadora."

    Doutrina da Equidade (Fairness Doctrine) foi uma política adotada pela Comissão Federal de Comunicações dos EUA (FCC) entre 1949 a 1987. Determinava que os concessionários de radiodifusão (rádio e TV) cobrissem os assuntos de maneira equilibrada e justa.

    Pela regulação da neutralidade de rede adotada há quase dois anos, provedores de acesso à internet (como Verizon e AT&T ) não podem cobrar a mais ou alterar a velocidade de fornecedores de conteúdo via internet (como Facebook, Netflix, Amazon e organizações jornalísticas).

    O temor cresceu nas últimas semanas com a indicação por Trump, para a área de telecomunicações de sua equipe de transição de governo, de três assessores críticos da neutralidade da rede, Roslyn Layton, Mark Jamison e Jeff Eisenach, este conhecido ex-lobista de teles. Um deles poderia ser indicado para comandar a FCC.

    De passagem pelo Brasil, o vice-presidente para assuntos jurídicos do Facebook Paul Grewal afirmou que é preciso esperar para ver. Questionado se Trump e seus novos assessores representavam risco para a neutralidade de rede, respondeu:

    "Como muitos americanos, estamos todos observando para ver como as coisas vão acontecer, não só quanto à neutralidade. Qualquer pessoa que afirme ter uma ideia clara sobre os rumos dessa administração é um otimista".

    O chefe de conteúdo da Netflix, Ted Sarandos, defendeu na quarta-feira (30) a manutenção por Trump da regulação "politicamente popular" adotada por Obama.

    Mas sublinhou que "essa é uma nova administração imprevisível, com certeza". Potencialmente a maior prejudicada por uma reviravolta em relação à neutralidade de rede, a Netflix responde por 35% do tráfego de internet nos EUA e no Canadá.

    No país para lançar "3%", primeira série brasileira da Netflix, Erik Barmack, vice-presidente de conteúdo internacional da empresa, também defendeu: "Neutralidade de rede é um conceito muito importante para nós. Queremos que as pessoas tenham acesso não só à Netflix mas a uma variedade de opções".

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