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    Brasileiro pode empobrecer por 4 anos consecutivos pela primeira vez

    ÉRICA FRAGA
    DE SÃO PAULO

    05/12/2016 02h00 - Atualizado às 23h52
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    A renda média do brasileiro corre o risco de cair por inéditos quatro anos consecutivos se o crescimento do país em 2017 for muito baixo.

    Segundo projeção do Bradesco, a economia deverá se expandir 0,3% no ano que vem. Caso esse cenário se concretize, o PIB per capita encolherá perto de 0,5%, de estimados R$ 28.064, em 2016, para R$ 27.934, em 2017 (descontada a inflação). O cálculo da instituição considera um aumento de 0,8% da população no próximo ano.

    A renda per capita é considerada medida importante da trajetória de prosperidade ou empobrecimento de um país por mostrar o quanto sua produção evolui em relação ao número de habitantes.

    RECESSÃO BRASILEIRA
    Economia cai pelo 7º trimestre seguido

    O PIB pode crescer a um ritmo que parece elevado, mas que, na prática, é insuficiente para aumentar a riqueza média da população, caso ela esteja se expandindo ainda mais rapidamente.

    Em 2014, a economia teve crescimento modesto de 0,5%, mas o PIB per capita encolheu 0,4% por causa da expansão populacional de 0,9%.

    Desde então, com a recessão, a renda média vem encolhendo mais de 4% ao ano.

    A expectativa era que essa tendência fosse revertida em 2017, com uma expansão da economia próxima a 1%.

    Mas indicadores recentes mostram que a saída da recessão deve ser mais lenta do que o esperado, o que pode fazer o PIB crescer menos e levar a uma nova contração da renda por habitante.

    Segundo os dados do Bradesco, se isso ocorrer, será a primeira queda do PIB per capita por quatro anos seguidos desde, pelo menos, 1901, com um recuo total de 9,5% no período (descontada a inflação).

    Esse resultado ainda seria menor que a diminuição de 12,6% da renda média do brasileiro durante a recessão que se estendeu entre 1981 e 1983.

    QUEDA LIVRE - Renda média do brasileiro pode recuar por inéditos quatro anos seguidos

    SENSAÇÃO PIOR

    Mas a sensação negativa da crise atual para a população pode estar sendo mais intensa porque o recuo da renda foi acompanhado por um salto forte e rápido do desemprego.

    Entre 1981 e 1983, a taxa de desocupação passou de 5,6% para 6,4%, ante um aumento de 6,8% para 11,8% nos últimos dois anos.

    "Tivemos um aumento significativo da parcela da população economicamente ativa que simplesmente deixou de receber salário, o que é ainda pior que ganhar relativamente menos", diz Igor Velecico, economista do Bradesco.

    Para José Márcio Camargo, professor da PUC-Rio e economista-chefe da Opus Investimentos, o grande aumento da desocupação em um período muito curto de tempo é, em parte, explicado pela subida contínua do salário mínimo nos últimos 15 anos.

    "O mínimo ficou muito alto em comparação à renda média do país. Isso tem reduzido ainda mais a demanda por trabalho, empurrando as pessoas para o desemprego ou a informalidade", diz.

    OUTROS DADOS

    Além de a oscilação do PIB per capita ser um indicador importante, seu patamar em termos absolutos possui ligação com medidas de desenvolvimento, como a qualidade da educação e da saúde.

    Mas há outros dados que precisam ser considerados. O Brasil, por exemplo, tem um nível de renda considerado médio, mas um grau de desigualdade ainda alto entre as pessoas.

    Essa disparidade caiu na última década, mas a crise praticamente freou esse processo.

    Segundo o economista Marcelo Neri, professor da FGV, o brasileiro está devolvendo parte dos ganhos de renda que teve nos anos anteriores à recessão.

    Folhainvest

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