• Mercado

    Saturday, 27-Apr-2024 04:32:01 -03

    Índia tira cédulas de alto valor do mercado, e noivas adiam casamentos

    DA AFP

    05/12/2016 02h00

    O casamento de Jatin Pal estava próximo e sua família planejava uma grande festa quando o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, tirou de circulação as notas de alta denominação do país.

    Poucas horas depois do anúncio, feito de surpresa por Modi em 8 de novembro, foram tiradas do mercado todas as cédulas de 500 e 1.000 rupias (US$ 7,25 e US$ 14,50), notas que respondiam por 85% do dinheiro em circulação.

    A decisão, descrita pelo primeiro-ministro como ataque à corrupção e à sonegação, coincidiu com o início da temporada anual de casamentos indiana, período de três meses que a religião hindu vê como propício a uniões.

    Na Índia, as economias de toda uma vida são usadas para bancar casamentos, e uma família urbana típica gasta até US$ 75 mil em celebrações, segundo estimativa do banco Goldman Sachs.

    Comerciantes dizem que quase todas as compras para os casamentos são pagas em dinheiro, mas a mudança levou famílias a cortar gastos.

    Shrawan Kumar, planejador de casamentos, disse que a maioria dos clientes gasta até 2 milhões de rupias (US$ 29 mil) no casamento, mas alguns cortaram o gasto em 40% ou adiaram a festa.

    CORRIDA AO OURO

    Um dos mais antigos mercados de ouro de Déli foi fechado temporariamente após ter sido alvo de buscas de autoridades tributárias, quando surgiram informações sobre corrida de compra de ouro, no esforço das pessoas de converter economias.

    Quase 50% das vendas de ouro na Índia estão ligadas a casamentos, segundo o Conselho Mundial de Ouro, e a maioria é paga em dinheiro.

    Filas nos bancos ficaram comuns, porque as novas cédulas de rupias estão demorando a entrar em circulação.

    O governo fez restrições temporárias ao valor do dinheiro que as pessoas podem trocar ou sacar, para tentar afastar o país do hábito de pagar todas as transações em dinheiro e levar maior número de transações ao mercado bancário, formal e tributável.

    Após a indignação de famílias que planejavam casamentos, o governo autorizou o saque de 250 mil rupias por casamento, valor irrisório para os padrões nupciais indianos.

    O pai de Pal, Ranbir, disse tentou sacar o dinheiro adicional autorizado pelo governo e não conseguiu, devido à documentação. Amigos lhe emprestaram 450 mil rupias.

    Madhur Jain, que opera uma loja de cartões para casamentos, disse estar recebendo só três pedidos por semana desde a desmonetização, ante os 30 que recebia antes. "As notas velhas perderam o valor, e as novas ainda não apareceram", disse.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024