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    Meirelles não vê risco de ser demitido e diz que ansiedade na crise 'é normal'

    JOANA CUNHA
    DE SÃO PAULO

    05/12/2016 12h09

    O presidente Michel Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmaram nesta segunda-feira (5) que o governo está preparando uma série de medidas para estimular a economia no curto prazo.

    Durante evento na Fiesp, em São Paulo, Temer ressalvou que embora o governo esteja promovendo seu projeto de concessões, ele reconhece que os esforços na área da infraestrutura demoram para gerar efeitos práticos. A declaração do presidente foi feita por telefone, em uma ligação para o celular do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que acionou o modo viva-voz para que a plateia pudesse ouvir a mensagem de Temer.

    À plateia de empresários de todos os elos da cadeia da construção na Fiesp, Temer disse que compreende a necessidade de melhorar a infraestrutura do país e que por isso seu governo está abrindo um grande campo para as concessões.

    "Sabemos que isso leva tempo para produzir efeito, mas o ministro Meirelles deve ter estado com os senhores aí pela manhã e pré-anunciado que estamos estudando medidas rápidas e velozes com vista a dinamizar muito proximamente a economia, especialmente no setor da construção civil, do micro empresário, da micro empresa."

    Mais cedo, sem entrar em detalhes, o ministro Fazenda havia dito que o governo está em um processo de elaboração e que nos próximos dias deve dizer claramente quais são as medidas.

    "É importante que as medidas sejam tomadas com foco na eficiência, no bom funcionamento e que sejam bem feitas."

    NORMAL

    Em seu discurso, Henrique Meirelles, que compareceu pessoalmente ao evento, disse que é normal o aumento da ansiedade do brasileiro, mas que a solução para a crise do gasto público está próxima.

    Ele ressalvou que o mercado fez análises não realistas do tempo que a crise vai tomar para ser resolvida.

    O ministro afirmou que estão sendo dados "passos gigantescos com a aprovação da PEC do teto aprovada em dois turnos na Câmara do Deputados e no primeiro turno do Senado.

    "É a primeira vez em que há uma mudança constitucional para limitar o crescimento dos gastos públicos no Brasil desde a aprovação da Constituição em 1988. Isso é mais importante do que parece", disse.

    Segundo o ministro, é "normal que, no momento em que o problema está sendo resolvido, a ansiedade de todos cresça por soluções".

    "A solução está à vista", disse ele, citando a aprovação em segundo turno no Senado marcada para a próxima semana.

    Em entrevista a jornalistas, o ministro disse que também considera normal as expectativas do mercado, que se elevaram assim que sua equipe assumiu o comando da economia, mas que agora começam a se frustar diante de indicadores decepcionantes de retomada.

    "No momento em que se começaram a tomar as medidas necessárias para o crescimento do país, houve uma natural euforia. A euforia é normal. Evidentemente que existia uma análise talvez não realista do tamanho da crise e do tempo que demoraria para a crise ser resolvida", disse.

    Questionado se sente que está com seu cargo em risco, Meirelles diz que não.

    "Não tenho visto isso. O processo de discussão sobre o que vamos fazer, sobre precisarmos mudar alguma coisa para crescer, é normal. Eu já estive no governo antes, no Banco Central. Principalmente no primeiro momento, que era de enfrentamento da crise, é normal esse processo de discussão. E acredito que seja hoje até mais suave do que foi naquela época. Está tudo bem."

    TEMER

    Assim como havia feito o ministro Henrique Meirelles mais cedo, o presidente Michel Temer, no telefone, ressaltou que o governo avançou na tramitação da PEC do teto dos gastos públicos e está encaminhando a reforma da Previdência.

    "Hoje a tarde eu estou lançando para os líderes do Senado e da Câmara a reforma da Previdência, que é outro fator indispensável para o país. E hoje à noite ou amanhã de manhã, remeterei esta reforma ao Congresso Nacional", disse o presidente.

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