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    Previdência

    Reforma da Previdência chega ao Congresso nesta terça, anuncia Temer

    LAÍS ALEGRETTI
    MARINA DIAS
    DANIEL CARVALHO
    MAELI PRADO
    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    05/12/2016 18h31 - Atualizado às 21h27

    Gustavo Roth - 3.jun.2004/Folhapress
    Fila em posto do INSS na zona leste de São Paulo (SP)
    Fila em posto do INSS na zona leste de São Paulo (SP)

    O presidente Michel Temer anunciou nesta segunda-feira (5) que a reforma da Previdência será enviada ao Congresso Nacional nesta terça-feira (6). O presidente classificou o tema como "espinhoso", mas não detalhou as mudanças.

    Os únicos pontos da reforma que foram antecipados foram uma idade mínima de 65 anos e uma transição a partir dos 50 anos. O presidente não explicou, no entanto, se haverá uma diferenciação no período de transição de homens e mulheres.

    Temer argumentou que a reforma é a única forma de garantir a continuidade da Previdência. "Sempre fizemos pequenas reformas. Eu mesmo fui relator de uma reforma previdenciária. Chega de pequenas reformas. Ou enfrentamos de frente o problema ou vamos condenar aqueles que vierem depois de nós batam nas portas do poder público e nada recebam", disse.

    Interlocutores do Palácio do Planalto chegaram a afirmar que a proposta seria enviada ainda em setembro, antes das eleições municipais. A impopularidade do tema, no entanto, gerou sucessivos adiamentos. O argumento foi sempre o de que o governo federal discutiria pontos da proposta com setores da sociedade. O texto, contudo, será enviado logo após reuniões com líderes do Congresso e centrais sindicais. A discussão ficará para o Legislativo.

    "Quem vai debater e dar a palavra final é o Congresso Nacional. O Congresso vai debater amplamente essa matéria", disse.

    O anúncio foi feito por Temer e pelos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Henrique Meirelles (Fazenda) a líderes do Congresso. O discurso foi transmitido pela televisão.

    A fala de todas as autoridades foi no sentido de colocar a reforma da Previdência como uma necessidade e um reflexo do envelhecimento da população brasileira. Eles citaram, ainda, que a PEC do Teto pede a aprovação de uma reforma da Previdência.

    De acordo com Padilha, se a reforma não for feita, em 2024 o Orçamento da União comportará apenas despesas com folha de pagamento, Previdência, saúde e educação. "Não temos alternativa. [...] É questão de existir ou não existir as contas públicas brasileiras", disse.

    Meirelles disse ainda que a reforma é "uma necessidade e não uma decisão". "A PEC, pra ser sustentável, deverá contar com reforma da Previdência", afirmou.

    Reforma da Previdência

    ELOGIO

    Logo no início do anúncio, Temer fez um elogio a Henrique Meirelles. "Meirelles e os demais vêm promovendo ajuste fiscal e econômico muito adequado às necessidade do pais. Tudo é feito de maneira gradual e responsável", afirmou.

    Diante do tema impopular, Temer destacou que precisa contar com o Congresso Nacional e com o apoio da opinião pública. O presidente disse que a reforma é "quase uma consequência" da PEC do Teto de gastos públicos.

    "Manter a previdência brasileira exige uma reforma, sob pena de colocar em risco o recebimento de aposentadorias, pensões e demais benefícios previdenciários", disse.

    Temer afirmou que as despesas com Previdência estão em torno de 8% e que, em 2060, pode chegar a 18%. "Esse índice inviabiliza a Previdência", disse.

    Depois de dizer que alguns países tiveram até que reduzir valores de aposentadorias e salário vigentes, Temer garantiu que a proposta não afetará quem já tem direito ao benefício da Previdência. "Nada muda para aqueles que já recebem benefício e que aqueles que já adquiram direito".

    NÃO PASSARÁ

    O deputado Paulinho da Força (SD-SP), presidente da Força Sindical, disse que "assim, a reforma não passa".

    O deputado diz considerar a proposta injusta e afirmou que "o governo já sentiu que vai ter que mudar as regras de transição".

    "Não faltou reunião, o que faltou foi detalhe da proposta", disse. Paulinho participa de uma reunião entre o presidente Michel Temer e as centrais sindicais.

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    Reforma da Previdência

    Veja o que pode acontecer se a proposta do governo for aprovada

    COMO É

    Há dois regimes de Previdência atualmente:

    REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS)

    Inclui trabalhadores do setor privado, empregados domésticos, autônomos, trabalhadores rurais e servidores públicos de 3.500 municípios

    Como funciona

    POR IDADE

    Idade mínima: 65 para homens, 60 para mulheres
    Tempo de contribuição: 15 para homens, 15 para mulheres

    POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

    Idade mínima: não há
    Tempo de contribuição: 35 para homens, 30 para mulheres

    REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RPPS)

    Inclui servidores públicos da União, dos Estados e dos municípios, com exceção dos que estão no INSS

    Idade mínima: 60 para homens, 55 para mulheres
    Tempo mínimo de contribuição: 35 para homens, 30 para mulheres

    COMO FICA

    REGRAS ATUAIS MANTIDAS

    Para quem já tem o direito de se aposentar de acordo com as regras atuais

    *REGRAS DE TRANSIÇÃO

    Para quem?

    Homens com mais de 50 anos de idade e mulheres com mais de 45

    Como vai funcionar?

    Terão que trabalhar 50% mais tempo para poder se aposentar, além do previsto pelas regras atuais

    NOVA REGRA

    Para quem?

    Homens com menos de 50 anos de idade e mulheres com menos de 45

    Como vai funcionar?

    Idade mínima: 65 para homens e mulheres
    Tempo mínimo de contribuição: 25 anos para homens e mulheres

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