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    Temer assegura Ilan e Meirelles, mas quer ações na economia

    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    06/12/2016 02h00

    Diante do início de um processo de fritura envolvendo não só Henrique Meirelles mas também Ilan Goldfajn, o presidente Michel Temer distribuiu internamente uma determinação: ninguém pode jogar na divisão da equipe econômica e no seu enfraquecimento, porque ele está fechado com seu ministro da Fazenda e com seu presidente do Banco Central.

    Temer decidiu, por outro lado, pedir à sua equipe medidas para tentar impulsionar a economia no início de 2017, sem comprometer a política econômica comandada por Meirelles e Ilan.

    Segundo assessores presidenciais, Temer quer pelo menos um "pequeno ajuste de rota do voo da economia", para tentar tirar o país da recessão no início de 2017.

    Entre as ações em estudo, o governo avalia como ajudar empresas a refinanciar dívidas e destravar o mercado de crédito, além de liberação de empréstimos para pequenos e médios empresários.

    Na semana passada, o presidente identificou o início de um processo de fritura de Meirelles e de Ilan depois de divulgado que a economia voltou a retrair no terceiro trimestre e só deve se recuperar no segundo trimestre de 2017.

    A primeira onda de ataques teve como alvo Meirelles, partindo tanto do PMDB como do PSDB, inclusive de ministros desses partidos, a partir do argumento de que a política de Meirelles cuida do médio e longo prazos, mas não resolve o curto prazo.

    ALÍVIO NO CRÉDITO

    Em seguida, o tiroteio passou a mirar também Ilan, com a avaliação de que é o BC que pode tentar aliviar o custo financeiro das empresas, abrindo espaço para destravar o mercado de crédito com uma redução mais forte dos juros.

    Dentro do governo, inclusive no Palácio do Planalto, o discurso ainda é que o Banco Central tem total autonomia para tocar sua política, mas começaram a surgir críticas de que o banco está "agudizando e prolongando" a recessão ao não admitir uma inflação um pouco fora do centro da meta em 2017.

    Para um assessor presidencial, não é possível fazer como o BC na época de Dilma, que aceitava uma inflação perto do teto da meta, de 6,5%, mas seria aconselhável admitir um índice entre 4,7% e 5% para permitir uma queda mais rápida e forte do juro.

    TUCANOS

    As especulações sobre o comando da economia começaram depois que Temer jantou com a cúpula do PSDB no mês passado, discutindo na ocasião medidas para tirar a economia do fundo do poço.

    Em seguida, assessores presidenciais relataram que Temer estava disposto, para atenuar a crise política, a ouvir mais economistas do PSDB, como Armínio Fraga.

    O ex-presidente do BC no governo Fernando Henrique Cardoso defende um pequeno ajuste nos objetivos do BC para levar a inflação para o centro da meta, exatamente para permitir uma queda maior dos juros.

    Considera ainda que o governo precisava tomar medidas de curto prazo para elevar receitas e reduzir de imediato o rombo das contas públicas.

    Na semana passada, circulou a informação de que os tucanos poderiam pleitear o Ministério do Planejamento, o que levou Temer a divulgar que sempre ouviu sugestões PSDB, mas não tinha nenhuma intenção de mudar sua equipe econômica.

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