A Lego está empreendendo a maior reformulação de sua organização nos 84 anos de história da companhia, com o objetivo de explorar de maneira mais ampla a sua marca de brinquedos depois de uma década de forte crescimento para a fabricante de blocos plásticos para montar.

Sob a nova estrutura da fabricante dinamarquesa de brinquedos, Jorgen Vig Knudstorp, seu atual presidente-executivo, que resgatou a marca de um quase desastre financeiro em 2004, se tornará presidente do conselho, substituindo Niels Jacobsen.

Ele será substituído na presidência executiva pelo primeiro não dinamarquês a comandá-la: o britânico Bali Padda, atual vice-presidente de operações.

Knudstorp também presidirá o conselho de uma nova organização - chamada Lego Brand Group - que está sendo estabelecida para permitir que os acionistas familiares da empresa se tornem proprietários mais participativos e tenham mais influência nos conselhos das empresas que formam o grupo Lego. O vice-presidente do conselho da nova organização será Thomas Kirk Kristensen, bisneto do fundador da Lego.

"Queremos explorar novos caminhos para a marca", disse Knudstorp ao "Financial Times". "Há mais espaço para parcerias. Mais e mais pessoas estão batendo à nossa porta".

As mudanças surgem em um momento importante, com a família que fundou a Lego chegando à sua quarta geração no controle da companhia e o grupo fazendo uma pausa para contemplar suas realizações, depois de quintuplicar o faturamento de 2004 para cá e se tornar o mais lucrativo fabricante de brinquedos do planeta.

Mas Knudstorp insistiu em que a mudança de estrutura não prenunciava uma venda dos 75% de participação que a família Kristensen detém na empresa. Em lugar disso, disse ele, era uma tentativa de criar algo que "acrescente".

Ele descreveu o papel do Lego Brand Group como "ser uma espécie de grupo de capital privado que detenha o controle da empresa", financiando diversos empreendimentos diferentes com o fluxo de caixa da marca principal. Ele estabeleceu mais um paralelo com a estrutura de um grupo de capital privado ao afirmar que a família se envolveria muito mais na composição de cada conselho e determinaria se capacitações específicas eram necessárias. "Por que não termos no conselho uma pessoa da Índia, dotada daquele conhecimento específico, por três ou quatro anos?", ele disse.

Os ativos que serão colocados sob o controle do Lego Brand Group incluem a participação da família na Lego; os 30% que ela detém na Merlin Entertainments, que opera os parques temáticos Legoland; e a marca Lego Education, que promove o uso dos blocos plásticos da empresa em escolas.

Knudstorp disse que uma oportunidade para que a nova organização considere surgiu em uma recente viagem à China, onde contatos locais perguntaram a ele se não havia interesse da Lego em ter um Legoland no país, ou em ter a Lego Education operando nas escolas chinesas.

Padda assumirá a presidência executiva em 1º de janeiro, e Knudstorp se tornará presidente do conselho e Kristensen seu vice em maio.

Kristensen presidirá a Fundação Lego, que dá dinheiro para caridade e é dona de outros 25% da fabricante de brinquedos. Knudstorp será vice-presidente da fundação.

Padda disse ao "Financial Times" que manteria a estratégia que ajudou a formular em seus 14 anos de trabalho na companhia. Ele disse que a Lego precisava ampliar suas "capacidades" para acomodar o aumento de 100% em seu numero de funcionários, nos últimos cinco anos.

"Temos de criar a mentalidade de uma empresa muito menor do que somos, para ganharmos muito mais agilidade... Precisamos assegurar que tenhamos a capacidade necessária para garantir que as metas de expansão sejam cumpridas", acrescentou Padda.

Tradução de PAULO MIGLIACCI