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    Falhar é vital para o processo criativo, diz designer holandês

    DAIGO OLIVA
    EDITOR-ADJUNTO DE IMAGEM

    10/12/2016 02h00 - Atualizado às 13h02
    Erramos: esse conteúdo foi alterado

    Erik Kessels é o melhor chefe do mundo. Na KesselsKramer, agência de comunicação da qual é sócio e diretor criativo, quem acerta se dá bem, mas quem comete erros se sai melhor ainda.

    Para o designer, que também atua como curador de fotografia, falhar é vital para o processo criativo, levando ideias a um lugar que talvez ninguém imaginasse existir.

    "Não defendo esse pensamento para médicos ou taxistas, mas para quem trabalha com criatividade", diz ele, que participa da conferência What Design Can Do, em São Paulo, na quarta-feira (14).

    No evento, que também ocorre na terça (13) e se autodefine como um fórum internacional para discutir o "design como ferramenta de transformação da sociedade", Kessels, 50, discorrerá sobre o livro "Failed It!" (Phaidon, US$ 8,61, sem edição em português), no qual advoga contra a perfeição e sugere que pessoas apontem para o sentido errado de propósito.

    O holandês chama a atenção desde o final dos anos 1990, quando passou a publicar revistas e livros com narrativas criadas a partir de imagens apropriadas de álbuns de família e da internet.

    Em 2012, exibiu em Amsterdã a instalação "24h of Photos", para a qual baixou todas as imagens publicadas no site para imagens Flickr em um só dia e as imprimiu, dando forma a pelo menos 50 mil arquivos digitais.

    "Vivemos num período em que, antes mesmo do almoço, já tivemos contato com mais imagens do que alguém do século 18 em toda a sua vida. Isso muda a maneira como percebemos a fotografia."

    No livro, para exemplificar seu conceito errático, também utiliza fotos, muitas delas realizadas por amadores.

    O que "profissionais jogam no lixo e famílias enviam como cartões de Natal" –cenas desfocadas, com pés cortados ou com dedos na lente–, ele encara como inspiração. Diferentemente de profissionais, que criam a partir de precedentes artísticos, diz ele, amadores experimentam mais e mal sabem onde vão parar –o que pode dar espaço à originalidade.

    Segundo Kessels, a fotografia oferece três tipos de erros: os que ocorrem em frente à câmera (cenas inusitadas formadas ao acaso); os que se passam na câmera, como equipamentos digitais com defeitos; e os que acontecem atrás da câmera, "que são os mais interessantes". "Você tem uma ideia e gera algo curioso a partir do erro", afirma.

    Falhar, segue o holandês, tem a ver com o tempo que nos debruçamos sobre uma ideia. Esse tempo tem de ser muito maior do que o que gastamos com a execução de trabalhos, pois a criação deve ser a etapa mais importante para qualquer pessoa que atua na indústria criativa.

    "Podemos fazer o que quisermos com os materiais e as ferramentas disponíveis hoje em dia. Mas o que nós vamos fazer? Esta é a questão."

    O discurso é bonito, mas o que Kessels faz na prática se um de seus funcionários comete um erro? "Dou um bônus a ele!", brinca o designer.

    *

    ERIK KESSELS NO WHAT DESIGN CAN DO

    Quando Quarta (14), às 16h50

    Onde Teatro Faap, r. Alagoas, 903, tel. (11) 3662-7232

    Quanto R$ 690 (para os dois dias), R$ 400 (entrada para um dia)

    Edição impressa

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