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    Notícia falsa entra na mira de gigantes da tecnologia dos Estados Unidos

    NELSON DE SÁ
    DE SÃO PAULO

    13/12/2016 02h00

    Paul Sakuma/Associated Press
    Mark Zuckerberg, cofundador da rede social Facebook, durante evento em San Francisco (EUA). *** Facebook CEO Mark Zuckerberg during a meeting in San Francisco. A New York man who claims he and Zuckerberg made a deal nine years ago that entitles him to half-ownership of the social networking giant won't be allowed to question Zuckerberg or search his computers at this point in his federal lawsuit, a judge ruled Wednesday, April 4, 2012. (AP Photo/Paul Sakuma, File)
    Mark Zuckerberg, presidente-executivo do Facebook, durante evento em San Francisco (EUA)

    Derrotada na eleição americana, Hillary Clinton reapareceu na quinta (8) em Washington para alertar contra "a epidemia de notícias falsas que inundou a mídia social" e saudar que "o Vale do Silício começa a lidar com o desafio das notícias falsas".

    Clinton se refere ao fato de Facebook, Google e outras empresas de tecnologia terem anunciado mudanças em suas políticas, nas últimas semanas, e já estarem até testando novos procedimentos voltados à redução das notícias falsas nas plataformas.

    Desde a eleição, o alvo maior é o Facebook. "A primeira reação de Mark Zuckerberg [presidente-executivo da rede] foi infeliz, tentou minimizar", diz Rosental Calmon Alves, diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, na Universidade do Texas.

    Zuckerberg, de início, chamou de "ideia bastante maluca" apontar as falsas notícias na plataforma, "parte pequena do conteúdo", como influentes na eleição. E defendeu que a informação divulgada via mídia social é "naturalmente mais diversificada".

    Depois mudou. Em mensagem, afirmou levar a sério a "desinformação" e citou "projetos" como facilitar a sinalização de notícia falsa pelos usuários e criar "sistemas técnicos para detectar o que as pessoas irão sinalizar como falso, antes de o fazerem".

    Também prometeu parcerias com serviços de checagem de informação e "ouvir jornalistas e outros no setor de notícias para aprender com eles".

    Para o consultor de mídia Frederic Filloux, bolsista John S. Knight em Stanford, o Facebook responde ao "pesadelo de relações públicas", mas "não tem interesse objetivo em consertar seu problema com notícias falsas", pois lucra com o tráfego que trazem.

    Joshua Benton, diretor do Nieman Lab, em Harvard, não vê assim: "Se Zuckerberg tivesse uma varinha mágica e acabasse com todas as notícias falsas amanhã, o efeito em sua audiência seria marginal. O hábito do Facebook está arraigado nas pessoas".

    Calmon Alves, que acaba de vencer o prêmio Maria Moors Cabot, da Universidade Columbia, diz que "se chegou ao ponto de saturação de notícias falsas, mas o bom disso é que há uma crescente consciência de que devem ser tratadas como epidemia".

    Para ele, "a tecnologia cria problemas, mas também soluções para os problemas que criou". A etiquetagem ou sinalização ("flagging") com que o Facebook vem trabalhando "é boa ideia", diz, "mas nada substitui seres humanos que tenham noção de jornalismo".

    O problema é identificar o que é falso ou verdadeiro. "A área cinza [entre ambos] é que é o grande desafio", diz Cristina Tardáguila, diretora da agência de checagem Lupa. "Exige jornalismo. Você só vai poder dizer se fizer uma apuração clássica."

    Para tanto, "você vai ter que levantar os dados, ouvir especialistas, ir para a rua, ver como é na vida real. Cravar que é falso ou validar como verdadeiro dá trabalho".

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