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    Guia da Micro, Pequena e Média Empresas (MPME)

    Reparo automotivo vira negócio da vez com a crise econômica

    MICHELE LOUREIRO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    18/12/2016 02h00

    Na contramão das vendas de veículos, que encolheram 21,2% no acumulado deste ano, o segmento de franquias automotivas no Brasil registra índices consideráveis de crescimento.

    O faturamento do setor de manutenção de automóveis cresceu 7,9% de janeiro a setembro deste ano em relação ao mesmo período de 2015. Já o das franquias foi ainda melhor: 10% a mais.

    As explicações para o crescimento passam não só pelo tamanho da frota, 42 milhões de veículos em todo o país, mas pelo fato de os proprietários estarem levando mais tempo para trocar de carro: média de nove anos.

    "Cerca de 75% desses carros estão fora do período de garantia da montadora e a manutenção passa a ser feita fora das concessionárias", diz Rodrigo Ramiro Daniel, consultor da RZD Consultoria e Gestão de Franquias.

    Além disso, as redes também atraem pela profissionalização do setor. "As oficinas naquele formato rústico e informal estão perdendo espaço", diz Claudio Tieghi, diretor de inteligência de mercado da Associação Brasileira de Franchising (ABF).

    Com as franquias, diz ele, há uma padronização de formato e uma profissionalização dos serviços.

    ACESSÍVEL

    As redes que atuam no segmento automotivo desenvolveram formatos mais compactos para atrair franqueados e acelerar a expansão. Há oportunidades a partir de R$ 3.500 para investir em empresas de lavagem, por exemplo.

    Um exemplo é a AcquaZero, que presta serviços automotivos, faturou R$ 30 milhões em 2015 e prevê alta de 20% neste ano. Criada em 2010 pelo empresário Marcos Mendes, o negócio incorporou 50 franquias apenas neste ano. "Cerca de metade das nossas 240 unidades no Brasil são do modelo com menor investimento."

    Com R$ 3.500, o profissional compra a chamada franquia da mochila, com material para 400 lavagens. "Com quatro carros por dia, e tíquete médio de R$ 40, o investimento pode ser recuperado em um mês", diz Mendes.

    Essa foi a aposta do técnico de mecânica Pedro Barreto, 20. Após ser demitido da empresa onde realizava manutenção de ar-condicionado, no início do ano, ele começou a trabalhar com a AcquaZero em junho deste ano prestando serviços de limpeza ecológica, enceramento e cristalização de vidros na zona leste de São Paulo.

    "Consegui formar uma clientela fixa e aumentar o tíquete médio oferecendo outros serviços."

    Agora, Barreto decidiu investir em uma loja física da marca, que custa a partir de R$ 60 mil. Há duas semanas ele comanda uma unidade em Cotia, na Grande São Paulo, e já emprega cinco funcionários. "Na loja física, oferecemos cerca de 20 serviços. Assim, consigo ampliar meu faturamento", diz.

    O bom momento do segmento atrai até quem não é da área. Maior franqueado da rede de tratamentos estéticos Emagrecentro, Edson Ramuth percebeu o movimento positivo do nicho automotivo e apostou na criação de uma nova rede, a Auto Spa Express, de estética automotiva e lavagem ecológica delivery, com um investimento inicial de R$ 14,9 mil.

    "Abrimos duas franquias por mês em 2016 e já temos 30 unidades", diz o empresário, que faturou R$ 3,6 milhões com o negócio em 2015.

    Para Ramuth, mesmo que o mercado de carros novos se recupere, o formato não tem risco de dar errado. "Temos uma frota gigante e a manutenção é primordial. Não estamos falando de um segmento com demanda sazonal", afirma o empresário.

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