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    Guia da Micro, Pequena e Média Empresas (MPME)

    Crise brasileira vira empurrãozinho para levar franquias ao exterior

    PALOMA RODRIGUES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    18/12/2016 02h00

    O momento de baixa na economia acendeu no empreendedor uma luz indicando que era hora de buscar novos horizontes. Com planejamento, pequenos e médios têm iniciado a internacionalização de suas franquias, do Mercosul aos Estados Unidos.

    A dificuldade econômica no Brasil afetou a Açaí Beat, que fechou unidades e reduziu o ritmo de abertura de novos pontos. "No Nordeste, fechamos em torno de dez unidades, entre lojas e quiosques", diz Junior Marques, fundador da empresa. Atualmente, a Açaí Beat tem 47 contratos em todo o país, contra 51 em 2015.

    Agora, o grupo estuda abrir unidades no exterior para garantir mais estabilidade à empresa. "Na Bolívia, faremos um teste da região do Mercosul, para ver se o público aceita nosso produto. Nos EUA, vimos que já é aceito. Para a Europa, temos um projeto diferenciado, já que Portugal dá incentivos para a indústria estrangeira", diz.

    A expectativa é que três lojas da franquia estejam funcionando no exterior até meados de 2017 e que o faturamento chegue a R$ 26 milhões no ano. Nos últimos 12 meses, o faturamento da Açaí Beat foi de R$ 19,2 milhões.

    RESULTADOS

    A crise funciona como um motivador, na opinião da professora Francisca Grostein, do Programa de Capacitação da Empresa em Desenvolvimento da FIA (Fundação Instituto de Administração). "Em momentos de crise no mercado interno, a primeira coisa que vem à mente é abrir novos caminhos", diz.

    A expansão, contudo, requer muito planejamento. "Isso exige capacitação, se cercar de todas as informações necessárias e também não esperar resultados imediatos", afirma a professora.

    A atenção deve ser redobrada em relação à legislação do país de destino. É preciso conhecer o regulamento do setor e se há barreiras que impedem a atuação de estrangeiros na área.

    A marca de aromatizantes Acqua Aroma passou um ano estudando o mercado norte-americano antes de abrir sua filial no país. "Nossa análise mostrou que o produto é extremamente competitivo lá", diz a diretora de marketing e vendas, Nayana Pedreira.

    Com um investimento de R$ 500 mil, o grupo montou uma distribuidora na Flórida no mês passado e espera abrir uma loja física em 2017. "Nosso estudo de viabilidade não considerava um dólar na casa dos R$ 4, mas tivemos um posicionamento conservador e isso fez com que a operação continuasse viável", explica.

    A expectativa de retorno do investimento é no final do primeiro ano de vendas. Para 2017, a previsão é de alta de 35% no faturamento.

    Para Thiago Carvalho, assessor do Conselho do Comércio Externo da FecomercioSP, o Brasil ainda não mira o mercado externo como deveria. "Nós é que somos procurados pelo próprio mercado mundial e, à medida que a procura cresce, os representantes vão para o exterior. Só então consolidam seus escritórios e lojas nesses países."

    Segundo Carvalho, a tendência das marcas brasileiras é investir, em um primeiro momento, nos países do Mercosul.
    A FecomercioSP desenvolve um projeto para ensinar o pequeno empresário a exportar.

    Para a entidade, isso irá ajudar quem pensa em abrir filiais no mercado externo a entender desde a regulamentação até especificidades técnicas, desde o tipo de tomada usada na região até regras para embalagens.

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