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    Governo italiano aprova socorro estatal ao banco mais antigo do mundo

    DA AFP

    23/12/2016 10h53

    TIZIANA FABI /AFP PHOTO
    Governo italiano aprovou socorro estatal ao banco Monte Dei Paschi di Siena
    Governo italiano aprovou socorro estatal ao banco Monte Dei Paschi di Siena

    O chefe de governo italiano, Paolo Gentiloni, anunciou na madrugada desta sexta-feira (23) um plano de socorro para o banco Monte Dei Paschi di Siena e a outros bancos em dificuldades, aprovado pelo Conselho de Ministros.

    O plano de emergência, adotado após o fracasso da recapitalização nos mercados do terceiro banco da Itália, será apoiado por um fundo de € 20 bilhões avalizado pelo Parlamento, e garantia dos depósitos dos correntistas, disse Gentiloni em entrevista coletiva.

    O governo não comunicou o valor do socorro, mas o ministro das Finanças, Pier Carlo Padoan, garantiu na mesma coletiva que será "suficiente para cobrir as necessidades definidas por testes de resistência" dos bancos.

    O plano prevê, em primeiro lugar, a possibilidade de o Tesouro garantir as novas obrigações emitidas por um banco em dificuldades, em troca de uma comissão, para permitir que a instituição tenha o mesmo nível de confiança que o Estado e possa recorrer aos mercados financeiros mesmo "submetida a tensões", destaca a presidência do Conselho.

    Os bancos terão ainda acesso, em condições fixadas no acordo com a Comissão Europeia, a um sistema de créditos de emergência denominado ELA ("Emergency Liquidity Assistance"), algo que foi crucial para os bancos gregos.

    O socorro prevê ainda um mecanismo de recapitalização preventiva, com uma injeção de fundos públicos ainda não definida, e uma contribuição de acionistas e detentores de bônus, através de uma negociação forçada dos títulos a um nível muito inferior a seu valor nominal.

    O Monte Dei Paschi di Siena, o banco mais antigo do mundo, é o ponto fraco do sistema bancário italiano, cuja fragilidade e créditos duvidosos —que sem dúvida jamais serão devolvidos— preocupam toda a Europa.

    O resgate de quatro pequenas entidades causou no ano passado muitas perdas para os correntistas, provocando manifestações e ao menos um suicídio, algo que o governo quer evitar desta vez.

    Na quarta-feira, as duas Câmaras do Parlamento votaram um aumento de € 20 bilhões da dívida pública, solicitado pelo governo para ajudar os bancos com problemas.

    Os bancos Carige, Veneto Banca e Banca Popolare di Vicenza também devem se beneficiar do socorro.

    Pier Carlo Padoan afirmou na quarta-feira (21) que os € 20 bilhões eram uma medida "de precaução", "suficiente" para enfrentar possíveis dificuldades.

    A intervenção pública pretende "manter a estabilidade financeira" e "preservar a poupança" dos italianos, acrescentou, ressaltando que o sistema bancário é "sólido, apesar de algumas situações de crise".

    O sistema bancário italiano em seu conjunto gera grande preocupação devido à sua dispersão (aproximadamente 700 estabelecimentos) e à importância dos créditos em sua carteira, estimados em € 360 bilhões, um terço do total da zona do euro.

    O Monte Dei Paschi di Siena está em dificuldade há anos. Foi fragilizado pela desastrosa compra em 2007 do banco Antonveneta, e depois pelo escândalo de prevaricação, com o qual acumulou as perdas de € 14 bilhões entre entre 2011 e 2015.

    Desde 2014, implementou duas ampliações de capital de € 8 bilhões, quantia já dissipada.

    As ações do banco sofreram uma desvalorização de 86% desde o início de 2016.

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