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    Temer diz preparar medidas para financiar programa de concessões

    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    27/12/2016 02h00

    O presidente Michel Temer disse à Folha que prepara novas medidas econômicas para 2017 com o objetivo de financiar seu programa de concessões. Segundo ele, "depois de um longo inverno", o ano termina "bem" com as medidas econômicas anunciadas nas últimas semanas.

    "O primeiro semestre do próximo ano será bastante decisivo para a recuperação do país", disse. "As previsões aqui mostram que, ao final dele, começa o crescimento."

    O presidente disse que o governo pensa numa segunda etapa de medidas, mas não detalhou o que está em estudo. "Precisamos produzir outras medidas", afirmou. "Estou pensando o que é possível fazer no ano que vem para incentivar as concessões."

    A equipe de Temer avalia formas de melhorar o financiamento das concessões de serviços públicos ao setor privado, como aeroportos, portos, rodovias e ferrovias. Os primeiros leilões anunciados pelo governo devem ocorrer no primeiro semestre de 2017.

    Para o presidente, as "pessoas cansaram um pouco do pessimismo" e estão "desejosas de um novo tempo", o que poderá contribuir para a recuperação econômica do país.

    "Depois de um longo inverno, foi bom, as medidas [anunciadas nos últimos 15 dias] foram boas, bem recebidas, valeu a pena", disse Temer. "Esses R$ 30 bilhões que vão sair das contas do FGTS, por exemplo, vão circular pela economia, pouco a pouco, e ajudam. A redução dos juros do cartão também."

    O governo anunciou o refinanciamento de dívidas de empresas e consumidores, a liberação de saque de contas inativas do FGTS, uma melhoria no rendimento do fundo e medidas para redução dos juros do cartão de crédito.

    Embora Temer estime que a liberação das contas inativas do FGTS injetará R$ 30 bilhões na economia, os balanços da Caixa Econômica Federal apontam apenas R$ 19 bilhões nas contas inativas.

    O Ministério da Fazenda espera crescimento de 1% do PIB (Produto Interno Bruto) no próximo ano, após reavaliar previsão anterior que apontava uma taxa de 1,6%. A projeção do Banco Central é de crescimento de 0,8%.

    "Eu vivo pregando o otimismo, a pacificação, a serenidade", afirmou Temer. Com as medidas lançadas no fim do ano, o objetivo do Palácio do Planalto foi reverter os efeitos de uma série de notícias negativas para o governo.

    CRISE 'NATURAL'

    Além da recessão econômica, que já dura mais de dois anos, Temer viu sua popularidade despencar nas últimas semanas. O ex-ministro Geddel Vieira Lima deixou o governo sob a suspeita de ter usado o cargo para favorecer seus interesses num projeto imobiliário na Bahia. Depoimentos de executivos da Odebrecht que colaboram com a Operação Lava Jato lançaram suspeitas sobre outros ministros e o próprio Temer.

    Os auxiliares do presidente acham que as medidas anunciadas no fim do ano tiveram êxito. "A crise é natural, o país vive conflagrado por um bom período, mas terminamos bem 2016", disse Temer, que assumiu o governo em maio, quando a Câmara abriu o processo de impeachment e afastou a presidente Dilma Rousseff do cargo.

    Ao listar o que conseguiu realizar desde então, Temer cita a aprovação do teto dos gastos públicos, o envio da reforma da Previdência ao Congresso, a recuperação da Petrobras, a reforma do ensino médio e a lei com novos critérios para a nomeação de dirigentes nas empresas estatais.

    O maior receio do Palácio do Planalto está na Lava Jato, especialmente na delação dos executivos da Odebrecht. O governo espera que não ocorram mais vazamentos antes de sua homologação pelo Supremo Tribunal Federal, e que o conteúdo só venha a público entre o fim de fevereiro ou início de março, quando a aposta é que o presidente estará fortalecido pela melhoria nas expectativas econômicas.

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