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    Modelo de negócio do Uber e do Airbnb sofre restrições

    DO "FINANCIAL TIMES"

    01/01/2017 02h00

    No início de 2016, o rápido progresso das start-ups de maior destaque no Vale do Silício parecia inexorável. Em janeiro, o Uber estava ocupado oferecendo viagens de helicóptero ao festival Sundance de cinema e expandindo seu serviço de entrega de comida a todos os EUA.

    Enquanto isso, o Airbnb havia encarregado um vice-presidente a cortejar os prefeitos norte-americanos, com a promessa de milhões de dólares adicionais em arrecadação de impostos, enquanto o cofundador da empresa circulava pelo Fórum de Davos falando sobre o crescimento da companhia na China.

    Mas, nos últimos 12 meses, esses dois ícones do tecnologia disruptiva esbarraram repetidamente em autoridades e tribunais e viram seus negócios cerceados por crescente regulamentação.

    No Sundance, bastaram alguns poucos dias para que as autoridades ordenassem a suspensão das viagens de helicóptero. Disputas sobre licenças e processos trabalhistas também afetaram o Uber. O Airbnb não se saiu melhor, sofreu multas em múltiplos países e foi cerceado por leis restritivas em grandes mercados como Nova York e Berlim.
    Uber e Airbnb já não são pequenas start-ups. Viraram companhias com valores de mercado estimados em US$ 68,5 bilhões e US$ 30 bilhões, respectivamente.

    Para as start-ups, os confrontos surgiram em um momento de transição desajeitada, enquanto elas se esforçam por abandonar o hábito de violar regras e adotar um tom mais maduro e conciliador. Uber e Airbnb também tentaram trabalhar de modo mais próximo com as autoridades regulatórias a fim de ajudar na formulação de políticas, embora nem sempre com os resultados esperados.

    "As autoridades regulatórias e os legisladores, os Estados e os municípios, estão reconhecendo que já não é possível ignorar essas empresas; elas são grandes demais, poderosas demais", diz Michael Drobak, lobista tecnológico no escritório de advocacia Akin Gump, em Washington.

    "Agora, em lugar de insistir que merecem um lugar à mesa, estão sendo convidadas a se acomodar à mesa."

    Além de escaramuças de nível municipal, a grande ameaça para o modelo de negócios do Uber, em longo prazo, é a questão de determinar se seus motoristas são prestadores de serviços ou funcionários. A empresa os considera prestadores de serviços independentes, o que significa que não recebem benefícios como planos de saúde e não são protegidos pelas leis de salário mínimo.

    Em abril, o Uber fechou acordo para pagar até US$ 100 milhões aos seus motoristas na Califórnia e em Massachusetts, que argumentavam que deveriam ser considerados como empregados e não prestadores de serviço. O acordo foi rejeitado pela Justiça, e um recurso está em julgamento.

    Em Londres, a Justiça decidiu em outubro que os motoristas do Uber deveriam ser considerados "empregados", com direito a salário mínimo e férias pagas. O Uber recorre da decisão.

    Nos Estados Unidos, muitas das companhias da chamada economia do compartilhamento que dependem de prestadores independentes de serviços podem ver seus modelos de negócios derrubados nos tribunais, se esses decidirem que os trabalhadores devem ser considerados como empregados.

    De Berlim a Barcelona e San Francisco, o Airbnb vem enfrentando sanções e restrições cada vez maiores quanto a quem pode alugar casas ou acomodações nelas, e com que frequência.
    Em resposta, a empresa começou a ajustar seu modelo, nos grandes mercados, em uma admissão tácita de que tem muito a perder em caso de batalha contra as autoridades regulatórias.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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