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    Egípcio quer Oi no 'caminho certo' com experiência de países emergentes

    JULIO WIZIACK
    DE BRASÍLIA

    09/01/2017 02h00

    Simon Dawson/Bloomberg
    O bilionário egípcio e presidente da Orascom Telecom Holding SAE Naguib Sawiris, durante uma entrevista à Bloomberg Television, em Londres (Inglaterra). *** Egyptian billionaire Naguib Sawiris, reacts during a Bloomberg Television interview in London, U.K., on Thursday, May 24, 2012. Sawiris said heÃd be willing to sell his Telekom Austria AG stake to Carlos SlimÃs America Movil SAB if the Austrian government is uncooperative. Photographer: Simon Dawson/Bloomberg *** Local Caption *** Naguib Sawiris ORG XMIT: 145306439
    O bilionário egípcio e presidente da Orascom, Naguib Sawiris

    O bilionário egípcio Naguib Sawiris, 62, virá ao Brasil em duas semanas e tentará convencer o governo de que é a melhor opção para salvar a Oi. A empresa está em recuperação judicial, com uma dívida de R$ 65,4 bilhões, e tem o BNDES, o Banco do Brasil e a Caixa como seus principais credores.

    O plano de Sawiris prevê uma virada na companhia dentro de um ano, repetindo o que aconteceu em 2011, quando seu grupo -a Orascom- fez uma fusão com a italiana Wind, em 2011.

    A operadora europeia já acena com uma retomada, posicionando-se como "a operadora dos pobres", nas palavras do próprio Sawiris.

    Com as fusões, a Orascom tornou-se o sexto maior grupo do mundo em número de clientes. A empresa está presente em 20 países, como Líbano, Paquistão, Iraque e Coreia do Norte -onde uma manobra do ditador Kim Jong-un confiscou seus lucros.

    "O Brasil é o país das maravilhas [perto dos outros]", disse o egípcio à Folha. "Estou em lua de mel."

    O empresário, que se diz uma pessoa passional, fala em sua proposta de recuperação da Oi como "um casamento com o país". "Depois disso [da aprovação do plano da Oi], vamos nos instalar e prospectar outros negócios."

    Ele defende que sua experiência com emergentes ajudará a "corrigir erros do passado" e a "encontrar um caminho correto" para a Oi.

    Uma das dúvidas do governo brasileiro ao plano de Sawiris é se o investimento será de longo prazo. Com fortuna pessoal estimada em US$ 3,7 bilhões pela revista "Forbes", o egípcio prometeu colocar US$ 250 milhões na Oi.

    Os maiores credores estrangeiros, que se aliaram a ele, colocarão mais US$ 1 bilhão. Sawiris terá cerca de 10% da companhia, mas a gestão será da Orascom.

    Segundo o bilionário, para "limpar a Oi", muitas mudanças terão de ser feitas. "Não tem mágica. O dinheiro da empresa foi gasto em lugares errados," afirma.

    "Não consigo entender como uma empresa que só vale US$ 650 milhões [na Bolsa] pode prestar serviços de qualidade com obrigações como conectar lugares na selva onde não tem ninguém."

    A alteração do marco regulatório, aprovado pelo Congresso, e negociações de dívidas (multas) com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) serão os primeiros passos para o sucesso do plano. "Se tudo der certo, poderemos pensar em uma fusão com a TIM", diz. "Mas vamos primeiro recuperar a Oi. Um problema de cada vez."

    SÓCIOS

    Pelo plano de Sawiris, credores terão de dar descontos e receberão parte do pagamento em ações da Oi. Os atuais acionistas ficarão com uma participação menor.

    A proposta causa controvérsias entre os sócios portugueses da Pharol, que têm cerca de 25% das ações, e Nelson Tanure que, com outros fundos, têm cerca de 18%.

    A Pharol queria que os credores dessem os descontos, mas não abria mão de manter sua participação na Oi.

    Sawiris é enfático sobre essa disputa. "Os credores já concordaram em ceder e os sócios portugueses não estão em condições favoráveis porque sua participação perde valor. A empresa exige sacrifícios e todos terão de ceder."

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    RAIO-X
    Orascom

    Atuação
    Telecomunicações, óleo e gás, mídia, construção, hotelaria, mineração, entre outros

    Abrangência
    Mais de 20 países, como Líbano, Iraque e Burundi

    Listadas em Bolsa
    Orascom TMT, ItaliaOnline, Dada, Evolution e Endeavour

    Valor das participações
    US$ 1,7 bilhão

    Receitas estimadas, 2016
    US$ 20 bilhões

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