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    FBI detém executivo da Volkswagen envolvido em escândalo de emissões

    DO "NEW YORK TIMES"

    09/01/2017 08h35 - Atualizado às 12h40

    O FBI (Polícia Federal americana) deteve um executivo da Volkswagen que enfrenta acusações de conspiração para fraudar os Estados Unidos, de acordo com duas pessoas informadas sobre a detenção, o que marca uma escalada da investigação criminal sobre o escândalo de trapaça da montadora de automóveis na emissão de poluentes por motores diesel.

    Oliver Schmidt, que comandou a divisão de fiscalização da Volkswagen nos Estados Unidos entre 2014 e março de 2015, foi detido sábado por investigadores na Flórida e deve ser publicamente acusado segunda-feira em Detroit, disseram na segunda-feira as duas fontes, a primeira delas um policial e a segunda uma pessoa que conhece bem o caso.

    Os advogados que representam Schmidt não responderam a pedidos de comentário feitos na noite de domingo. Funcionários do Departamento da Justiça também se recusaram a comentar, da mesma forma que um porta-voz do FBI em Detroit.

    Jeannine Ginivan, porta-voz da Volkswagen, afirmou em comunicado que a montadora "continua a cooperar com o Departamento da Justiça", mas que "não seria apropriado comentar sobre quaisquer investigações em curso ou discutir questões de pessoal".

    Processos abertos contra a Volkswagen pelos secretários estaduais de Justiça de Nova York e de Massachusetts acusam Schmidt de desempenhar papel importante nos esforços da Volkswagen para ocultar das autoridades regulatórias sua trapaça quanto a emissões.

    Começando no final de 2014, Schmidt e outros executivos importantes da Volkswagen citaram repetidamente explicações técnicas falsas para o alto nível de emissões de veículos da empresa, segundo os secretários estaduais de Justiça. Em 2015, Schmidt admitiu a existência do dispositivo manipulador que permitia aos veículos da Volkswagen trapacear em testes de emissões.

    A Volkswagen por fim admitiu que 11 milhões de carros em todo o planeta haviam sido equipados com software ilegal que tornava os veículos capazes de derrotar testes de poluição.

    O software permitia que os carros detectassem quando estavam sendo submetidos a testes de emissões e acionava os dispositivos de controle de poluição a fim de conter as emissões, à custa de desempenho do motor. Mas os controles não operavam plenamente nas ruas, e os carros emitiam óxido de nitrogênio em volume até 40 vezes maior que o autorizado pela Lei do Ar Limpo norte-americana.

    James Liang, antigo engenheiro da Volkswagen na Califórnia, se admitiu culpado em setembro de acusações que incluíam conspiração para fraudar o governo federal e violação da Lei do Ar Limpo. Mas a detenção de Schmidt conduz a investigação aos escalões executivos.

    A detenção veio em um momento no qual a Volkswagen e o Departamento da Justiça estão se aproximando de um acordo para resolver a investigação criminal sobre a trapaça nas emissões. A empresa ou uma de suas entidades corporativas deve se admitir culpada, como parte do acordo.

    O acordo pode acontecer já na semana que vem, desde que não ocorram tropeços de última hora, disseram pessoas informadas sobre as negociações.

    A montadora de automóveis alemã está ansiosa para encerrar a investigação do Departamento da Justiça antes que o presidente Donald Trump assuma, em 20 de janeiro.

    Promotores públicos norte-americanos viajaram à Alemanha nos últimos meses para questionar executivos da Volkswagen, de acordo com promotores alemães.

    O caso criminal contra a Volkswagen e sua possível admissão de culpa separam o escândalo de trapaça nas emissões de outras investigações recentes sobre o setor automobilístico. Em acordos com a General Motors e Toyota sobre a maneira pela qual as duas empresas lidaram com problemas de segurança, por exemplo, as duas aceitaram acordos que preveem multas vultosas, mas não se admitiram culpadas.

    Os promotores também estão considerando acusações criminais contra a Takata, fabricante japonesa que está sob investigação criminal por airbags defeituosos.

    A Volkswagen aceitou acordos que preveem pagamento de quase US$ 16 bilhões para resolver processos civis, naquilo que se tornou um dos maiores acordos quanto a processos judiciais coletivos já assinados nos Estados Unidos, envolvendo meio milhão de carros.

    Nos termos do acordo, a maioria dos proprietários tem a opção ou de revender seus carros à Volkswagen ou tê-los reparados pela montadora, desde que esta consiga encontrar uma solução que satisfaça as autoridades regulatórias.

    O escândalo afetou muitos modelos diesel da Volkswagen e Audi, entre os quais o Audi A3 e o Beetle, Golf, Jetta e Passat da Volkswagen..

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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