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    Petrobras capta US$ 4 bilhões no exterior e ganha prazo para dívidas

    TÁSSIA KASTNER
    DE SÃO PAULO

    09/01/2017 22h56

    Paulo Whitaker - 12.abr.2016/Reuters
    The logo of Brazil's state-run Petrobras oil company is seen on a tank in Cubatao, Brazil, April12, 2016. REUTERS/Paulo Whitaker ORG XMIT: PW05
    Tanques de combustíveis da Petrobras em Cubatão; companhia já refinanciou US$ 14 bilhões

    Em uma estratégia para ganhar mais prazo para pagar suas dívidas, a Petrobras captou US$ 4 bilhões em emissão de papéis no mercado internacional nesta segunda-feira (9), o dobro do valor planejado pela companhia. Os recursos serão usados para recomprar papéis com vencimento até 2020. Investidores terão até 6 de fevereiro para revender títulos à estatal.

    A Folha apurou que havia demanda para US$ 20 bilhões, sinalizando que a desconfiança dos investidores com as fraudes na Petrobras investigadas pela Operação Lava Jato diminuiu diante das mudanças recentes no comando da companhia. A estatal sofre diversos processos na Justiça americana devido a perdas com corrupção.

    A companhia pagará juros de 6,125% para US$ 2 bilhões em títulos que vencerão em cinco anos. Os outros US$ 2 bilhões, com vencimento em dez anos, saíram por 7,375%. O preço ficou abaixo do negociado na emissão anterior, em julho de 2016, quando os juros foram de cerca de 8%.

    Essa é a terceira vez em cerca de um ano que a estatal emite novos papéis para alongar o prazo de pagamento de suas dívidas.

    Em maio, a companhia havia feito uma primeira emissão, retomada em julho. No total, a Petrobras refinanciou quase US$ 14 bilhões.

    No mercado, a percepção é que há demanda por ativos brasileiros, e a Petrobras deve aproveitá-la para realizar outras operações semelhantes nos próximos meses.

    A ampliação do prazo de pagamento deve ajudar a companhia a manter dinheiro em caixa em um ambiente em que a queda na demanda por combustíveis no mercado interno e os preços mais baixos do petróleo dificultam a geração de receitas.

    Segundo a Moody's, o risco de liquidez (não ter dinheiro em caixa) da Petrobras se reduz com a venda de US$ 13,6 bilhões em ativos e o prazo maior para honrar dívidas, mas ainda é elevado.

    No final de setembro, dado mais recente, a empresa ainda precisaria pagar US$ 7,9 bilhões em 2017 e US$ 13,5 bilhões em 2018, de acordo com a Moody's.

    Em seu plano de negócios, anunciado em setembro do ano passado, a Petrobras anunciou intenção de vender US$ 19,5 bilhões em ativos entre 2017 e o próximo ano.

    Os investimentos devem cair em um quatro até 2021, e a companhia quer reduzir sua dívida para 2,5 vezes o potencial de geração de caixa (medido pelo Ebitda). Hoje, esse indicador está em 4,07 vezes.

    Uma das medidas para melhorar a geração de receitas da companhia foi a criação de uma política de reajuste de preço dos combustíveis. O valor de venda de gasolina e diesel nas refinarias é revisto pelo menos uma vez por mês. Na semana passada, o custo do diesel subiu 6,1%.

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    Petrobras - 3º trimestre de 2016
    Prejuízo R$ 16,5 bilhões
    Receita R$ 70,4 bilhões
    Dívida líquida R$ 325,6 bilhões

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