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    Com preços em queda, BC decide acelerar queda da taxa de juros

    MAELI PRADO
    DE BRASÍLIA

    11/01/2017 18h57 - Atualizado às 22h18

    Fernando Frazão - 24.jul.2012/Folhapress
    Inflação mais baixa e atividade econômica fraca justificam afrouxamento monetário, diz BC

    O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que surpreendeu o mercado ao reduzir nesta quarta (11) a taxa básica de juros da economia em 0,75 ponto percentual, para 13% ao ano, indicou que deve manter o ritmo mais forte de corte da taxa Selic nos próximos meses.

    No comunicado da decisão, que foi unânime, o BC disse que avaliou a alternativa de reduzir a taxa de 13,75% para 13,25% ao ano e indicar uma intensidade maior de queda para a próxima reunião, prevista para fevereiro, mas julgou mais apropriado promover agora corte maior.

    No fim do ano passado, o BC já havia promovido dois cortes de 0,25 ponto na Selic, decisões que alguns economistas consideraram tímidas.

    "O atual cenário, com um processo de desinflação mais disseminado e atividade econômica aquém do esperado, já torna apropriada a antecipação do ciclo de distensão da política monetária, permitindo o estabelecimento do novo ritmo de flexibilização", afirma o comunicado do BC.

    Ao explicar a decisão, o BC ressaltou que suas projeções indicam uma inflação abaixo do centro da meta oficial, de 4,5%, neste e no próximo ano.

    O Banco Central também destacou o fato de que o IPCA de 2016 ficou abaixo do teto da meta, de 6,5%, como o IBGE informou nesta quarta.

    Lembrou ainda que o ritmo da atividade econômica continua muito fraco.

    "A retomada da atividade econômica deve ser ainda mais demorada e gradual que a antecipada previamente", disse.

    Analistas ouvidos pelo boletim Focus do BC esperavam um corte menor da Selic, de 0,50 ponto, e uma taxa de 10,25% no fim do ano.

    Após a decisão do Copom, muitos economistas já esperam taxa de um dígito até dezembro.

    "É possível mais umas duas ou três reuniões do Copom em que a Selic seja reduzida em 0,75 ponto percentual", disse a analista Tatiana Pinheiro, do banco Santander, que espera que a taxa esteja em 9,75% no final de 2017.

    Depois, a expectativa é de moderação na redução dos juros. "Mas isso não significa o fim do ciclo de redução, que acreditamos que será longo".

    José Márcio Camargo, da Opus Gestão de Recursos, disse que um corte mais prudente, de 0,5 ponto, ajudaria a fortalecer a credibilidade do Banco Central, mas admitiu que havia espaço para ousadia. "A inflação de serviços está em queda pronunciada", disse.

    Camargo espera que a taxa esteja em 9,5% em dezembro.

    O BC mencionou a existência de riscos no cenário internacional, afetado pela mudança na presidência dos EUA, e considerou positivo o andamento das reformas apresentadas pelo presidente Michel Temer ao Congresso para equilibrar as contas do governo.

    Em nota, Temer comemorou a redução dos juros e afirmou que a queda da inflação abrirá espaço para que as taxas sejam reduzidas de forma "responsável, consistente e sustentável".

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