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    Estrangeiro deve liderar retomada de fusões e aquisições no Brasil neste ano

    FERNANDA PERRIN
    DE SÃO PAULO

    13/01/2017 02h00

    Fernanda Carvalho/Fotos Públicas
    Operações de fusão e aquisição atingiram menor nível em 10 anos no acumulado até novembro de 2016
    Operações de fusão e aquisição atingiram menor nível em 10 anos no acumulado até novembro de 2016

    A incerteza econômica e política de 2016 fez as operações de fusão e aquisição de empresas no Brasil caírem para o menor nível em dez anos no acumulado até novembro, segundo levantamento da consultoria PwC.

    No período, foram feitas 542 transações —queda de 20% em relação a 2015.

    FUSÕES E AQUISIÇÕES - Acumulado de operações até novembro de cada ano

    Mas em 2017 as fusões e aquisições devem voltar a crescer, impulsionadas sobretudo pelo investidor estrangeiro, diz Rogério Gollo, sócio da PwC. Ele projeta um crescimento de 15% desse tipo de operação neste ano.

    "Existem dois tipos de investidor, o estratégico e o financeiro, que compra para revender. A incerteza de 2016 afastou o financeiro, que não conseguia prever como o Brasil estaria nos próximos três anos", afirma Gollo.

    "Mas, para 2017, com a redução das incertezas, o dólar estável e a economia se recuperando, esse investidor deve voltar", completa.

    O encolhimento em 2016 é resultado do fato de o ano ter sido mais curto para o investidor, que aguardou a conclusão do afastamento de Dilma Rousseff para ir às compras, afirma Carlos Lobo, sócio do escritório Veirano Advogados e especialista na área.

    "Neste ano temos tudo para repetir os bons últimos seis meses", afirma o advogado.

    ESTRANGEIROS

    Os estrangeiros devem liderar essa retomada, após perder espaço para o investidor nacional no ano passado em número de transações.

    "Os grandes players brasileiros foram muito afetados pela crise, escândalos de corrupção e pela restrição no acesso ao crédito oferecido pelo BNDES", diz Lobo. Para ele, existe uma "tendência natural" de predominância do investidor de fora em 2017.

    FUSÕES E AQUISIÇÕES - Transações por tipo de investidor

    Dados do Banco Central indicam um aumento de 6,3%, para US$ 63,3 bilhões, no investimento estrangeiro direto no acumulado de novembro de 2015 em comparação ao mesmo período de 2016.

    Entre as maiores operações, estão a compra da participação da Camargo Corrêa na CPFL Energia pela chinesa State Grid, no valor de US$ 8,7 bilhões, e a compra de 90% da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), da Petrobras, por um consórcio liderado pela canadense Brookfield, por US$ 5,19 bilhões.

    NOVOS ATIVOS

    Novas grandes transações devem acontecer em 2017, afirma Marcus Silberman, codiretor de fusões e aquisições da filial brasileira do Bank of America Merrill Lynch.

    "Há grandes companhias com problemas relacionados à Operação Lava Jato e o programa de desinvestimento da Petrobras. São bons ativos que não estavam disponíveis antes no mercado, e por um bom preço", afirma.

    Toda a área de infraestrutura e os setores de tecnologia da informação, educação e saúde também atraem o interesse de estrangeiros, afirma Lobo, do Veirano.

    Em 2016, o setor que mais concentrou fusões e aquisições foi o de tecnologia da informação, que tradicionalmente lidera o ranking por ser constituído de muitas pequenas empresas. Já para este ano, Gollo, da PwC, diz que o destaque deve ser o varejo, em que deve ocorrer algumas fusões "emblemáticas".

    "Os resultados do setor de varejo foram muito ruins nos últimos anos, então é natural que ocorram aquisições de grandes players nesse mercado", afirma o analista.

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