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    Linha com juro baixo só financiou 20 ônibus desde 2008

    DIMMI AMORA
    DE BRASÍLIA

    15/01/2017 02h00

    Ronny Santos/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 05-10-2016 - SUBSIDIOS DE ONIBUS - Congelamento de tarifa. Onibus na Xavier de Toledo. (Foto: Ronny Santos/Folhapress)
    Linha de crédito, relançada por Temer com R$ 3 bi, só havia financiado 20 veículos

    Uma linha de crédito para compra de ônibus urbanos, relançada pelo presidente Michel Temer com recursos de R$ 3 bilhões, só havia conseguido financiar a aquisição de 20 unidades em oito anos. O país tem hoje uma frota de 107 mil desses veículos.

    Os 20 carros foram comprados por uma única empresa gaúcha, que precisou esperar três anos para obter os recursos –prazo atribuído à burocracia e aos recorrentes pedidos de documentos. Falhas que agora o governo tenta resolver para evitar um novo fracasso do programa.

    Outras duas empresas chegaram a se enquadrar para receber o empréstimo, mas desistiram da linha de financiamento antes da liberação dos recursos e tomaram outro financiamento, mais caro.

    O programa antigo se chamava Pró-Transporte: uma linha de crédito com recursos do FGTS voltada para financiar qualquer tipo de compra no setor de transporte público e que a partir de 2008 passou a financiar a compra de ônibus.

    Para facilitar o acesso e criar regras específicas, o Ministério das Cidades, na gestão Temer, criou dentro do Pró-Transporte o Refrota, só para a compra de ônibus. A meta é financiar 10 mil unidades.

    A taxa de juros aplicada é de 9,5% ao ano, abaixo da média de 15% das melhores linhas em outros bancos.

    O presidente da NTU (Associação Nacional dos Transportadores Urbanos), Otávio Cunha, diz que vem tentando convencer o governo a reduzir mais a burocracia para a liberação dos recursos.

    Segundo ele, sem novas regras, o país vai continuar vendo as vendas desabar. A indústria fabricou 9.500 carrocerias de ônibus em 2016 para o Brasil. Já chegou a fabricar 22 mil veículos, em 2014.

    Cunha afirma que a Caixa queria até mesmo que um engenheiro vistoriasse o ônibus após o licenciamento do Detran antes de liberar o crédito. "Quando o Detran emite o licenciamento, é porque o ônibus existe", brinca.

    A consequência da queda nas vendas é o aumento da idade da frota, que deve chegar aos cinco anos em 2017 nas principais capitais, quando esteve em 4,2 anos em 2011.

    OUTRO LADO

    O secretário de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, José Generoso, disse que o programa está sendo reformulado para torná-lo mais simples e de fácil acesso para as empresas. Segundo ele, a ideia é incluir bancos de montadoras para ajudar a facilitar o financiamento.

    A Caixa informou que, "como agente financeiro, cumpre integralmente os critérios, procedimentos e parâmetros básicos estabelecidos pelo gestor da aplicação, o Ministério das Cidades" e que essas regras estão em fase de revisão.

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