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    BC confirma ritmo mais forte de corte de juros e vê lenta recuperação do PIB

    MAELI PRADO
    DE BRASÍLIA

    17/01/2017 09h14 - Atualizado às 23h22

    O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que surpreendeu o mercado ao reduzir na quarta (11) a taxa básica de juros da economia em 0,75 ponto percentual, para 13% ao ano, confirmou em sua ata, divulgada nesta terça (17), que deve manter nas próximas reuniões o ritmo mais forte de cortes na Selic.

    Frisou ainda que a recuperação da atividade econômica deve ser mais demorada e gradual que se esperava anteriormente.

    "Os membros do Comitê debateram a evolução da atividade econômica, à luz das estatísticas mais recentes. Todos concordaram que as evidências apontam nível de atividade aquém do que se esperava nos últimos meses. Num contexto de desafios para a retomada da atividade econômica, isso contribuiu para consolidar a avaliação de que a recuperação da economia deve ser mais demorada e gradual que a antecipada previamente", diz o texto.

    A avaliação vai em linha com o último Boletim Focus do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira (16), que manteve a projeção de crescimento da economia neste ano em 0,50%. Também reflete relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional) que reduziu a expectativa para a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil de 0,50% para 0,20% neste ano.

    Na ata divulgada nesta terça, o comitê citou a desaceleração da inflação e a atividade econômica aquém do esperado, "inclusive no último trimestre de 2016", como fatores que permitiram a antecipação de um ciclo de reduções maiores da taxa.

    "Com expectativas de inflação ancoradas, e projeções de inflação na meta para 2018 e marginalmente abaixo da meta para 2017, o desempenho da atividade econômica recomenda a antecipação do ciclo de distensão da política monetária", disse o comitê no documento Notas do Copom. "Essa estratégia permite contribuir para o processo de estabilização e posterior retomada da atividade econômica, sem que se desvie dos objetivos de levar a inflação para a meta de 4,5% em 2017 e 2018".

    O comitê destacou que dados recentes indicam que o PIB continua a indicar atividade econômica fraca.

    "A economia tem operado em ritmo mais fraco do que se esperava há alguns meses e divulgações recentes continuaram a indicar atividade econômica aquém do esperado na margem, mesmo após as últimas revisões para o final de 2016", diz o documento.

    O Banco Central ressaltou também que a inflação caminha para "níveis compatíveis com a meta de 4,5% para 2017 e 2018.

    "A inflação evoluiu de forma favorável no período recente, vindo abaixo do esperado. Com a evidência de retomada do processo de desinflação, na margem, dos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, o amplo conjunto de medidas de núcleo da inflação acompanhado pelo Copom aponta para inflação em níveis compatíveis com a meta de 4,5% para 2017 e 2018".

    O comitê indica por fim que o cenário externo não está afetando de forma direta a política monetária.

    "Os efeitos do fim do interregno benigno sobre preços de ativos têm sido limitados até o momento, em particular para países exportadores de commodities, que vêm experimentando melhorias nos seus termos de trocas. Esse contexto reforça a avaliação dos membros do Comitê, de que não há relação mecânica entre o cenário externo e a política monetária", afirmou o texto.

    REFORMAS

    Além de voltar a destacar a importância da aprovação da PEC do Teto, que limita os gastos públicos à inflação do ano anterior, o BC mencionou a importância da implementação de outras reformas no âmbito fiscal —neste ano, o governo pretende aprovar no Congresso a reforma da Previdência.

    Pec dos gastos

    O Copom também destacou que investimentos em infraestrutura e melhoria de ambiente de negócios são "fundamentais" para a retomada da economia.

    "Os membros do Copom destacaram a importância de outras reformas e investimentos em infraestrutura que visam aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de negócios", disse a ata. "Esses esforços são fundamentais para a estabilização e a retomada da atividade econômica e da trajetória de desenvolvimento da economia brasileira", completa o texto.

    Em Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou que a política monetária vai ajudar na recuperação econômica. Ressaltou, entretanto, que as reduções da Selic não são "the only game in town", ou seja, a única alternativa disponível.

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