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    Trump e BC fazem dólar recuar para R$ 3,21; Bolsa sobe com bancos

    EULINA OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    17/01/2017 18h28

    O dólar recuou em escala global nesta terça-feira (17), reagindo a declarações do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de que a moeda americana já está "muito forte".

    Em entrevista ao "Wall Street Journal", Trump disse que o dólar já está muito forte em parte porque a China mantém o yuan desvalorizado. "Nossas companhias não podem competir com eles agora porque nossa moeda é muito forte, e isso está nos matando", declarou Trump, que toma posse na próxima sexta-feira (20).

    No Brasil, contribuiu para a desvalorização do dólar a volta da atuação do Banco Central no câmbio. A autoridade monetária iniciou a rolagem dos contratos de swap cambial tradicional que vencem no início de fevereiro.

    A operação, que equivale à venda futura de dólares, envolveu 12 mil contratos nesta sessão, no montante de US$ 600 milhões. Ao todo, vencem em fevereiro 128.620 contratos de swap cambial tradicional, no valor de US$ 6,431 bilhões.

    Com isso, a moeda americana à vista, referência no mercado financeiro, fechou em queda de 0,57%, a R$ 3,2128. O dólar comercial, usado em contratos de comércio exterior, perdeu 0,80%, a R$ 3,2130.

    Roberto Moraes, diretor operacional da Advanced Corretora, avalia que, ao promover a renovação de contratos de swap cambial tradicional, o Banco Central indica que quer manter a moeda americana no atual patamar. "O BC está se precavendo de uma possível alta do dólar após Trump tomar posse e anunciar suas primeiras medidas."

    Em apresentação feita nas reuniões do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, reiterou que a autoridade monetária pode usar suas ferramentas cambiais para evitar volatilidade excessiva ou falta de liquidez dentro do regime de câmbio flutuante, que considera a primeira linha de defesa da economia contra choques externos.

    Também sobre esse tema, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou em Davos que "há sim uma tendência de fortalecimento do dólar e, por outro lado, uma tendência doméstica de fortalecimento do real [pela valorização de commodities exportadas pelo país]. O fato concreto é que temos taxa de câmbio flutuante no Brasil e estamos bastante confortáveis com o nível da taxa que prevalece no país."

    A libra foi a moeda que mais valorizou nesta terça-feira, com o discurso da primeira-ministra britânica, Theresa May, sobre o brexit, como é chamado o processo de saída do Reino Unido da União Europeia.

    May anunciou que o Parlamento irá votar o acordo final antes que o brexit entre em vigor, o que permitiu a recuperação da libra.

    A cautela antes do discurso da premiê britânica fez o dólar subir mundialmente nesta segunda-feira (16), e a libra foi uma das que mais perderam valor.

    JUROS

    No mercado de juros futuros, as taxas terminaram em alta nos contratos de curto prazo e em baixa no longo prazo.

    O contrato de DI para janeiro de 2018 subiu de 11,025% para 11,055% ao ano; o contrato de DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2021 caiu de 10,760% para 11,750%; e o contrato de DI para janeiro de 2026 recuou de 11,175% para 11,155%.

    Neste mercado, investidores buscam proteção contra flutuações dos juros negociando contratos para diferentes vencimentos.

    A ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, divulgada nesta terça-feira, reforçou as expectativas de cortes mais agressivos da taxa básica de juros (Selic) ao longo deste ano.

    Na ata, o Copom citou a desaceleração da inflação e a atividade econômica aquém do esperado, "inclusive no último trimestre de 2016", como fatores que permitiram a antecipação de um ciclo de reduções maiores da taxa.

    Segundo analistas, o documento não trouxe novidades significativas em relação ao comunicado divulgado logo após a decisão de reduzir a Selic em 0,75 ponto percentual, para 13% ao ano, na semana passada. Economistas já preveem outro corte de 0,75 ponto na reunião do Copom de fevereiro.

    BOLSA

    O Ibovespa iniciou a sessão em baixa, mas inverteu o sinal e encerrou o pregão com ganho de 0,82%, aos 64.354,34 pontos. É o maior patamar desde 31 de outubro do ano passado (64.924,52 pontos). O giro financeiro foi de R$ 7,1 bilhões.

    Apesar da queda na Bolsa de Nova York, o principal índice da Bolsa brasileira foi beneficiado pela apreciação do real e pela percepção de cortes maiores da taxa básica de juros ao longo deste ano. No acumulado de janeiro até agora, o Ibovespa já subiu 6,85%.

    "A queda dos juros e a perspectiva de melhora da economia tornam a renda variável mais atraente", comenta Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H.Commcor. Ele lembra que a ausência de notícias negativas no cenário político colabora para a melhora da percepção de risco.

    O índice foi impulsionado principalmente por papéis do setor financeiro. Itaú Unibanco PN ganhou 2,69%; Bradesco PN, +2,85%; Bradesco ON, +2,13%; Banco do Brasil ON, +1,61%; e Santander unit, +2,26%.

    As ações preferenciais da Petrobras subiram 0,44% e as ordinárias caíram 0,43%.

    Os papéis da Vale recuaram 1,96% (PNA) e 3,92% (ON), refletindo a queda do minério de ferro na China.

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