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    Discussão que pode mudar controle da Vale faz subir as ações da empresa

    JULIO WIZIACK
    DE BRASÍLIA
    EULINA OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    19/01/2017 02h00

    Agência Vale
    Créditos: Agência Vale Mina de Taquari-Vassouras, Sergipe Galpão de estocagem de potássio ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Galpão de estocagem de potássio da mina de Taquari-Vassouras, em Sergipe

    Os controladores da Vale discutem mudanças na mineradora para acelerar a recuperação da empresa, que viu seu valor diminuir na Bolsa nos últimos anos por causa da queda do preço do minério de ferro e de um impasse sobre o comando da companhia.

    As conversas se intensificaram nas últimas semanas, porque o acordo de acionistas, um documento que define as regras de governança e o poder dos sócios no comando da empresa, vence em maio e precisa ser refeito.

    Segundo o jornal "Valor Econômico", uma das mudanças em discussão entre os sócios prevê a unificação das ações da Vale em uma só classe. Ações preferenciais seriam extintas e só seriam negociadas na Bolsa ações com direito a voto.

    Ainda segundo o jornal, para evitar abusos de poder ou a tomada de controle por investidores que adquirissem ações no mercado, haverá restrições para que a quantidade máxima de votos por acionista nas assembleias fique limitada a 15% das ações.

    O comando da Vale está hoje com uma empresa chamada Valepar, dona de 53,9% das ações com direito a voto. O principal acionista dessa empresa é a Litel, com 49% das ações da Valepar.

    A Litel é uma empresa formada por três grandes fundos de pensão –Previ (Banco do Brasil), Funcef (Caixa Econômica) e Petros (Petrobras)– para participar do leilão de privatização da Vale, realizado em 1997.

    Os sócios dos fundos na Valepar são a Bradespar (braço de investimentos do Bradesco), com 21%, o grupo japonês Mitsui, que tem cerca de 18% e a BNDESPar (empresa de participações do BNDES), com 11,5%.

    A possibilidade de um novo acordo de acionistas movimentou a Bolsa nesta quarta-feira (18). As ações preferenciais da Vale registraram alta de 3,33%, chegando ao fim do pregão cotadas a R$ 29,44, e as ações com voto subiram 5,04%, negociadas a R$ 32,11.

    O desempenho surpreendeu num dia em que incertezas no cenário externo esfriaram os ânimos no mercado financeiro, com a proximidade da posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos. O Ibovespa, o principal índice da Bolsa, caiu 0,32%, aos 64.149,57 pontos.

    INTERESSES

    Pessoas que participam das negociações do novo acordo afirmam que alguns acionistas querem a unificação das ações, mas também exigem mecanismos que garantam poder mesmo com redução de participação acionária. Essa posição é defendida pelos fundos de pensão e pela BNDESPar.

    Os fundos de pensão pretendem vender suas ações aos poucos, como forma de garantir no futuro o pagamento dos planos de benefícios contratados com os funcionários das estatais que os patrocinam.

    Por isso, o novo acordo deve ter um prazo de validade de, no máximo, seis anos. O acordo vigente tem vinte anos de duração e remonta ainda à época da privatização da mineradora.

    No novo cenário, os bancos devem manter sua participação societária, segundo uma das pessoas que participam das conversas iniciais.

    Esse movimento representa, para eles, a recuperação das perdas registradas pela companhia até hoje. A recuperação do preço das ações, só vinha na esteira da alta do preço do minério na China, maior comprador da Vale.

    Analistas disseram que a unificação das ações seria positiva para os investidores, porque poderia diluir a participação dos atuais acionistas. "[Uma única classe de ações] melhora a governança corporativa e atrai investidores, pois vários estrangeiros só compram ações ordinárias", disse o analista Celson Plácido, da XP Investimentos.

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