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    Guia da Micro, Pequena e Média Empresas (MPME)

    Pequenas empresas de turismo miram personalização de serviço

    ANNA RANGEL
    DE SÃO PAULO

    21/01/2017 23h30

    FOLHAPRESS
    Sao Paulo - 16.01.2017 - MPME mensal turismo - Retrato do socios da empresa de turismo de aventura Desviantes, Silas Barbi, 27 (de capacete) e Flavio Nodomi, 27. Matéria vai mostrar como as pequenas empresas de turismo estão se virando para competir com gigantes como Trivago, Decolar, Booking e outros. Quais são suas estratégias de diferenciação e como garantem marketshare. A empresa fica na incubadora de negócios da ESPM, na Vila Mariana. Foto: KEINY ANDRADE/FOLHAPRESS
    Os sócios Flávio Maekawa, 27, e Silas Barbi, 27, da agência Desviantes, de aventura

    Para fugir da concorrência das gigantes do turismo, como CVC, Expedia e Decolar, agências de pequeno e médio porte buscam se diferenciar oferecendo um atendimento mais próximo do cliente ou investindo na segmentação de suas atividades.

    Há quem preste serviços para solteiros ou idosos e ofereça pacotes para destinos "alternativos", como a chapada dos Veadeiros (GO).

    Outros prometem uma consultoria em turismo que as grandes, focadas em secar custos e ganhar pelo preço baixo, não conseguem ou não têm interesse em fazer.

    "A agência faz coisas que tomariam muito tempo do passageiro, como achar promoções e flexibilizar horários, e que encareceriam a viagem, como encontrar apartamentos maiores", afirma o presidente da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens), Edmar Bull.

    A agência Terrazul, focada em solteiros, aproveita o espaço deixado pelas gigantes, que cobram quartos duplos de quem viaja sozinho, para engordar o faturamento de R$ 2,4 milhões em 2016.

    "Nosso perfil de cliente não quer pagar mais para viajar sozinho nem ficar isolado num grupo com famílias, adolescentes e casais, por isso essa segmentação nos reserva uma fatia de mercado significativa", afirma a sócia Yolanda de Oliveira, 65.

    Oliveira cruza os perfis dos viajantes antes de atribuí-los a um determinado quarto, para evitar que tenham uma má experiência no passeio.

    Nem a crise abalou os resultados da empresa em 2016, diz a sócia. "O solteiro tem verba para si mesmo, então pode deixar de ir à Europa, mas ainda viaja."

    CONHECIMENTO

    Bull, da Abav, aconselha que as empresas encontrem seu espaço no mercado oferecendo um grande conhecimento do assunto. "É indispensável trazer informações sobre o destino que o leigo não tem, ou ele pode optar pela agência de massa."

    Os sócios da agência Anastácia, de São Caetano do Sul (SP), visitam os destinos antes de oferecê-los nos pacotes, destinados a passageiros com mais de 50 anos. "Temos clientes com 90 anos, por isso é preciso ir aos locais avaliar conforto e acessibilidade com antecedência", afirma a sócia Gysele Ferreira, 33.

    Agência especializada no segmento de idosos, a Anastácia, que tem dois anos de funcionamento no modelo atual, planeja dobrar o faturamento, de cerca de R$ 150 mil, em 2017.

    No último ano, a empresa teve crescimento de 30%.

    DAVI x GOLIAS

    "Existe competição com as grandes agências sim, mas há um público que busca um serviço menos massificado", afirma a turismóloga Thais Fúncia, professora da Universidade Anhembi Morumbi.

    A paulistana Desviantes, dos sócios Silas Barbi, 27, e Flávio Maekawa, 27, foca nesse público, que busca um serviço mais personalizado e fora do circuito de massa.

    Especializada em turismo de aventura, a empresa opera em destinos como a chapada dos Guimarães, península de Maraú (BA), serra catarinense e Jalapão (TO).

    "As grandes empresas até oferecem alguns dos mesmos pacotes, mas nos diferenciamos ao buscar roteiros mais incomuns, fora do padrão, nesses locais", afirma Barbi.

    Com a aposta em pacotes paradisíacos, focados em contato com a natureza e atividade física, Barbi e Maekawa esperam faturar R$ 1,1 milhão em 2017, contra R$ 350 mil no ano anterior.

    O investimento inicial da operação foi de R$ 70 mil, feito há três anos.

    Não adianta entrar em guerra de preços com as gigantes, segundo a consultora do Sebrae-SP Mariana Oliveira.

    "Vai sair na frente quem buscar esses flancos de mercado e privilegiar menos os pacotes fechados e mais a oferta de experiências marcantes para o turista".

    *

    VAIVÉM
    O impacto da movimentação de turistas

    29%
    dos brasileiros pretendem viajar no primeiro semestre deste ano

    83%
    dos que pretendem viajar devem optar por destinos nacionais

    49%
    das viagens devem ser para a região Nordeste, e 26%, para a Sudeste

    40%
    dos viajantes devem se hospedar em hotéis e pousadas; a maioria (44,6%) conta com a hospedagem em casa de amigos ou parentes

    48%
    das viagens devem ser feitas de avião, e 34%, de carro

    73,4 milhões
    de viagens devem ser realizadas na temporada de verão, entre dezembro (2016), janeiro e fevereiro (2017)

    2,4 milhões
    de turistas estrangeiros devem chegar ao Brasil neste verão; alta de 11% em relação à temporada passada

    R$ 100 bilhões
    é o valor que os turistas devem movimentar para viajar entre dezembro e fevereiro

    6%
    é a expectativa de crescimento na comercialização de pacotes de viagens pelas agências no verão

    60%
    das vendas de pacotes para o período devem ser para destinos dentro do território brasileiro

    6,6 milhões
    de turistas estrangeiros desembarcaram no Brasil em 2016; alta de 4,8% em relação a 2015

    Fontes: Ministério do Turismo, Embratur e Abav

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