O índice industrial médio Dow Jones nesta quarta-feira (25) ultrapassou a marca dos 20 mil pontos pela primeira vez, o que representa um marco para o venerável barômetro das ações de Wall Street, com a retomada das operações do chamado "Trump Trade", que estavam lentas no começo de 2017.

O índice, que acompanha empresas americanas de primeira linha, mostrou alta de até 0,6% logo que o pregão foi aberto, atingindo 20.003,77 pontos, com a retomada da alta recorde das ações dos Estados Unidos iniciada depois da eleição presidencial de novembro. No fim do dia, a alta foi de 0,78% e atingiu 20.068 pontos.

Os investidores vêm despejando dinheiro nas ações de companhias financeiras e de outros segmentos cíclicos, na esperança de que cortes de impostos e medidas de estímulo fiscal do governo Trump acelerem o crescimento econômico e a inflação.

Depois de uma forte alta no final do ano passado, o Dow passou mais de um mês estagnado pouco abaixo do limiar dos 20 mil pontos, enquanto os investidores aguardavam mensagens mais claras sobre as políticas do presidente Trump. O clima do mercado de ações melhorou nesta semana, com o índice S&P 500 voltando a patamares recorde, puxado pelas ações do setor de matérias-primas, depois que Trump assinou ordens executivas na segunda-feira (23) para levar adiante a construção dos oleodutos Keystone XL e Dakota Access.

Quincy Krosby, estrategista de mercado da Prudential Financial, disse que "com a assinatura rápida de ordens executivas, acoplada a dados positivos sobre a economia, a clareza começou a chegar às manchetes, e todos os índices norte-americanos estão celebrando."

O forte desempenho do Dow desde a eleição reflete grandes avanços para os bancos, com as ações do Goldman Sachs mostrando alta de até 29%. As do JPMorgan Chase subiram em 21%.

Desde o começo do ano, porém, a alta dos dois bancos esfriou, e os investidores passaram a preferir a Nike e Visa, duas ações que não mostraram grande alta entre a eleição e o fim de 2016, mas agora registram alta de quase 5% em 2017. A IBM, um peso pesado da tecnologia, também mostra alta de 6%.

Lançado em 1896 e abarcando 30 das mais conhecidas empresas dos Estados Unidos, o Dow subiu quase 9% desde a vitória de Trump na eleição de novembro. O Dow é um índice ponderado de preços de ações, e com isso foi conduzido a altas mais fortes pelos fortes avanços nos preços das ações das empresas individuais que o compõem, especialmente o Goldman Sachs, que no momento tem ações negociadas a US$ 234.

O S&P 500, um índice criado depois do Dow e baseado na capitalização de mercado das empresas que o compõem, é muito mais importante para os investidores profissionais, porque captura uma porção muito mais ampla das empresas dos Estados Unidos. Sua alta está abaixo do avanço do Dow, com alta de 6,6% da eleição até agora.

Ainda assim, o índice mais amplo também está registrando recordes. A recente alta dos índices foi catalisada não só pelo otimismo quanto à melhoria das condições nos Estados Unidos mas pela "melhora no crescimento econômico mundial", disse Dennis DeBusschere, diretor de estratégia de carteiras do Evercore ISI.

Esse aspecto foi reforçado por uma série de pesquisas no setor industrial da Europa, Ásia e Estados Unidos que apontam para recuperação continuada da atividade econômica, no começo do ano.

Embora a alta do Dow para os 20 mil pontos tenha capturado as atenções, "o grau de retenção da estabilidade coletiva e das tendências construtivas, pelos mercados", é muito mais importante, disse Peter Kenny, estrategista sênior de mercado do Global Markets Advisory Group.

A chegada do Dow aos 20 mil pontos ilustra o vigor dos quase oito anos de alta nas bolsas dos Estados Unidos. O índice registrou sua marca mais baixa dos últimos anos, 6.547,05 pontos, em março de 2009, e reatingiu a marca dos 10 mil pontos em outubro daquele ano.

O índice subiu mais de 13 mil pontos, ou cerca de 200%, desde seu recorde de baixa durante a crise. O S&P 500, enquanto isso, subiu em 237% ante sua marca mais baixa.

Tradução de PAULO MIGLIACCI