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    Lucro do Santander Brasil cresce 10,8% em 2016 e atinge R$ 7,3 bilhões

    TÁSSIA KASTNER
    DE SÃO PAULO

    26/01/2017 08h54 - Atualizado às 15h29

    Luke MacGregor/REUTERS
    Lucro do Santander Brasil cresceu 23,7% no quarto trimestre em relação a igual período de 2015
    Lucro do Santander Brasil cresceu 23,7% no quarto trimestre em relação a igual período de 2015

    Impulsionado pela retomada do crédito nos últimos meses do ano e pelo crescimento das receitas com tarifas cobradas dos clientes, o Santander Brasil viu seus lucros aumentarem 10,8% em 2016.

    Segundo balanço divulgado nesta quinta-feira (26), o resultado do banco foi de R$ 7,3 bilhões no ano passado.

    Apenas no último trimestre, quando retomou as concessões de crédito na esteira do início do ciclo de queda da taxa básica de juros, o lucro foi de R$ 1,989 bilhão, uma alta de 23,7% sobre o mesmo período de 2015 e de 5,6% sobre o terceiro trimestre de 2016.

    "O quarto trimestre já sinaliza aumento da carteira de crédito. A gente entra em 2017 com um pouco mais de força de vento a favor", disse Sérgio Rial, presidente do Santander Brasil, em entrevista. A queda nas concessões de crédito no ano passado, confirmada pelo Banco Central nesta quinta, é "espelho retrovisor", afirmou. Ele espera que em 2017 o crédito cresça entre 5% e 7% no país.

    A Selic estava em 14,25% ao ano no início de 2016. O Banco Central iniciou o ciclo de queda em outubro, e a taxa terminou o ano a 13,75%. Hoje, está em 13% ano.

    Essa queda na taxa de juros impulsionou a concessão de crédito pelo Santander, com alta de 3,8% entre dezembro e setembro, para R$ 322,8 bilhões. No ano, porém, houve redução de 1,6%, refletindo o estrangulamento nos meses anteriores tanto pelo período de juros mais altos quanto pelo desemprego, que reduz a capacidade de pagamento –e, portanto, de tomar crédito– dos consumidores.

    O Santander é o primeiro dos grandes bancos brasileiros a detalhar resultados de 2016. O banco era o mais otimista sobre a recuperação do crédito no final do ano.

    Em entrevista concedida em outubro do ano passado, uma semana após o primeiro corte na Selic, o presidente do Santander, Sérgio Rial, afirmou que haveria apetite dos bancos para retomar a aprovação de empréstimos a clientes.

    A carteira de empréstimos consignados –que são mais seguros, já que têm desconto direto em folha de pagamento– teve forte alta em 2016, de 28%, para R$ 18,8 bilhões. De setembro a dezembro, a alta foi de 6,1%.

    Outra linha que registrou forte expansão foi a do cartão de crédito: 8% no ano, para R$ 20,7 bilhões, e 10% no trimestre.

    Nos empréstimos para pessoa jurídica, a única linha que teve crescimento foi o crédito agrícola, cuja carteira mais que dobrou, para R$ 5,5 bilhões. Ela segue, no entanto, com pouco peso quando comparada aos empréstimos totais para o segmento de empresas.

    TARIFAS

    O Santander vinha afirmando que buscava fidelizar clientes para que eles consumissem mais produtos e serviços, uma estratégia para elevar receitas quando o crédito encolhe.

    A arrecadação com essas receitas subiu 12,4% do terceiro para o quarto trimestre, e 20,3% na comparação com o último período de 2015.

    No ano, o crescimento foi de 15,6%, acima da inflação, que fechou 2016 em 6,29%.

    Apenas com cartões, o ganho foi de R$ 1,2 bilhão no trimestre e de R$ 4,1 bilhões no ano. As receitas com serviços de conta-corrente avançaram 26,2% em 12 meses, e atingiram R$ 2,6 bilhões.

    CALOTE

    A inadimplência acima de 90 dias fechou dezembro em 3,4%. Em setembro, o índice era de 3,5%. No entanto, em dezembro de 2015 os calotes representavam 3,2% dos empréstimos concedidos.

    Considerado apenas o índice de atrasos de pessoa física, os calotes caíram de 4,7% para 4,1%. Rial afirmou que espera que a inadimplência caia abaixo dos 4% no ano que vem, apesar de dizer que essa é a expectativa, e não uma meta do banco.

    A reserva contra possíveis calotes começa a cair, com a expectativa dos bancos de que o pior da inadimplência tenha ficado para trás. Essa despesa foi de R$ 2,68 bilhões no quarto trimestre, queda de 5,5% ante setembro. No ano de 2016, o banco reservou R$ 10,5 bilhões para cobrir possíveis calotes, alta de 8,2% na comparação com 2015.

    O crescimento da carteira de crédito no último trimestre ajudou a compensar a queda na margem financeira, que é a principal fonte de receitas de um banco, oriunda principalmente dos empréstimos.

    No quarto trimestre, a margem financeira recuou 5,3% quando comparada ao terceiro trimestre, para R$ 7,8 bilhões. No ano, ela atingiu R$ 31,5 bilhões, incremento de 6,3%.

    CUSTO DO CRÉDITO

    Questionado sobre a disposição dos bancos em reduzir spreads (diferença entre as taxas pagas na captação de dinheiro das cobradas nos empréstimos), o presidente do Santander afirmou que isso depende da estratégia de cada instituição. No entanto, ele diz que as taxas de juros vão cair. A intensidade maior, que de fato repasse a queda da Selic ao consumidor, só deve ocorrer mais para frente.

    Sobre a mudança nas regras do rotativo do cartão de crédito, que deve ser detalhada pelo Conselho Monetário Nacional no final da tarde, Rial afirmou ver com "bons olhos" iniciativas de autorregulação bancária, apesar da redução de receita para os bancos. O governo anunciou no final de dezembro que ninguém poderia passar mais de 30 dias no rotativo. No mês seguinte, a fatura do consumidor seria automaticamente parcelada.

    "O que está em jogo é a viabilidade econômica das pessoas", disse.

    Sobre a queda da Selic afetar a rentabilidade dos bancos, o executivo afirmou que os bancos vão precisar ser mais eficientes.

    "Dá para ser rentável, e a rentabilidade vai ser muito em cima da capacidade de vincular o cliente. Qualquer cliente, em qualquer área, está disposto a pagar um prêmio onde ele vê valor", afirmou.

    BANRISUL

    Nesta quinta-feira, o jornal Valor Econômico afirmou que a proposta de resgate do Rio Grande do Sul envolve a privatização do banco público Banrisul.

    Questionado se o Santander poderia se interessar pela operação gaúcha, Rial respondeu "vamos olhar", mas lembrou que o banco comprou a operação do banco Meridional, em 2000 o que torna a operação no Rio Grande do Sul grande.

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