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    Lucro do Itaú Unibanco cresce no último trimestre de 2016

    TÁSSIA KASTNER
    DE SÃO PAULO

    07/02/2017 08h52

    Apoiado na redução da inadimplência no final do ano e na queda das despesas contra possíveis calotes, o lucro do Itaú Unibanco cresceu no quarto trimestre de 2016. O resultado não foi suficiente para recuperar o resultado fraco dos meses anteriores, mas animou o mercado. As ações da instituição subiam mais de 3% na manhã desta terça-feira (7).

    O banco lucrou R$ 5,8 bilhões no último trimestre, alta de de 4% ante o período anterior e de 1,8% sobre o quarto trimestre de 2015.

    No acumulado do ano, porém, o resultado caiu 7%, para R$ 22,2 bilhões.

    "Estamos cautelosamente otimistas para 2017, que pode até surpreender positivamente", disse Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco.

    O banco espera que o PIB cresça 1% neste ano, após retração de 3,5% em 2016.

    A inadimplência acima de 90 dias, apesar de ficar acima dos 3,9% registrados no final de 2015, caiu de 4,8% para 4,2% do terceiro para o quarto trimestre.

    Já as despesas para cobrir eventuais calotes somaram R$ 5,8 bilhões, queda de 8,5% sobre o último trimestre de 2015. A redução nessas reservas indica que o banco espera maior pontualidade nos pagamentos daqui para frente.

    "Acho que a boa notícia é que a gente termina o ano [de 2016] com inadimplência mais baixa. Ela se reduziu em todos o segmentos e é uma tendência que a gente vem observando há alguns meses. Certamente o grande impacto de 2016 foi o aumento das provisões para perda de crédito, que deve reduzir em 2017", afirmou Setubal.

    Embora os calotes tenham diminuído, o maior banco privado do país não dá sinais de retomada nas concessões de crédito. Tanto que, para 2017, projeta que os empréstimos possam cair ou avançar até 2%. O mercado trabalha com crescimento de 5%.

    A carteira total de crédito fechou dezembro em R$ 562 bilhões, recuo de 11,5% na comparação com o quarto trimestre de 2015 e de 1% ante o período imediatamente anterior.

    Zanone Fraissat - 12.nov.14/Folhapress
    Lucro do Itaú Unibanco cai 8,9% no terceiro trimestre, para R$ 5,595 bilhões
    Lucro do Itaú Unibanco cai 8,9% no terceiro trimestre, para R$ 5,595 bilhões

    O banco foi conservador mesmo nos empréstimos com garantia, como o consignado, que recuou 2,2% entre o terceiro e o quarto trimestre, para R$ 44,64 bilhões. Essa linha vinha sendo explorada pelas grandes instituições financeiras para manter as concessões de crédito em um cenário de risco de inadimplência elevado.

    O Itaú ofereceu mais crédito nas linhas de cartão de crédito e de financiamento imobiliário, a exemplo dos demais bancos.

    Houve alguma retomada nos empréstimos para pequenas e médias empresas, o segmento que mais sofreu com a crise. A carteira de crédito do segmento terminou 2016 com R$ 61,6 bilhões, alta de 1,3% ante setembro. Na comparação com dezembro de 2015, a queda é de 10,8%.

    O presidente do Itaú afirmou que o banco espera recuperação nos empréstimos para pessoa física neste ano, em linhas como financiamento de veículos e consignado "de forma sólida, mas lenta".

    MARGEM

    A margem financeira, que é a receita a partir das operações de crédito e também das aplicações no mercado financeiro, somou R$ 17,3 bilhões, queda de 2,9% sobre o último trimestre de 2015.

    Já as receitas com prestação de serviços (como de conta-corrente e cartão de crédito) avançaram 1,4% entre o último trimestre de 2015 e igual período de 2016, para R$ 7,98 bilhões. O crescimento foi menor que o registrado no Bradesco e no Santander e reflete o desempenho negativo dessas receitas em outros países.

    Os correntistas do Itaú pagaram R$ 1,7 bilhão em tarifas de conta-corrente no quarto trimestre, alta de 7,2% ante o último trimestre de 2015.

    2017

    Além de esperar relativa estabilidade no crédito neste ano, o Itaú indicou que a margem financeira com clientes deve apresentar nova queda, entre 1,5% e 5%. A margem financeira com clientes é a receita gerada com empréstimos.

    O resultado das despesas contra calotes, que considera os valores recuperados pelo banco após a inadimplência, deve ficar entre R$ 12,5 bilhões e R$ 15 bilhões, intervalo menor que o de 2016.

    O banco também espera crescimento menor nas receitas com tarifas, com avanço de até 4% neste ano. No ano passado, o incremento foi de 5,9%.

    SPREAD

    Setubal afirmou que os bancos estão dispostos a conversar com o governo sobre o spread bancário (diferença entre o custo de captação e a taxa de juros cobrada dos clientes). "O spread no Brasil é um dos mais altos, não tem dúvida", disse. Mas complementou que isso se deve ao risco de calotes, impostos e compulsórios. "O spread tem que cobrir a inadimplência como o prêmio do seguro cobre o roubo do carro", exemplificou.

    Nesta segunda, a Febraban (entidade que representa os bancos) afirmou a jornalistas que não existe "bala de prata" para reduzir juros. A entrevista a jornalistas foi concedida um dia antes de o Banco Central organizar um evento para discutir as razões para que o Brasil tenha custo de crédito tão elevado.

    Sobre a mudança nas regras do rotativo, o banqueiro afirmou que os bancos devem buscar uma "compensação" para a queda na receita de juros, já que clientes vão passar menos tempo nessa linha.

    "Se for mexer só nessa variável (tempo no rotativo), a tendência é que o crédito encolha, e isso ninguém quer", completou.

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