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    Joesley diz que soube de corrupção 'pela TV' e só conheceu Lula em 2013

    RENATA AGOSTINI
    ANA ESTELA DE SOUSA PINTO
    DE SÃO PAULO

    15/02/2017 02h00

    Danilo Verpa/Folhapress
    SAO PAULO - SP - 13.02.2017 - Entrevista Joesley Batista, dono da JBS, durante entrevista a Folha na sede da empresa em Sao Paulo. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress, MERCADO) ***EXCLUSIVO***
    O empresário Joesley Batista, dono da JBS, na sede da empresa, em SP

    Dono da JBS, o empresário Joesley Batista diz que não sabia que a corrupção era disseminada no Brasil até o início da Operação Lava Jato.

    "Eu não sabia. Eu não tinha conhecimento do que estou vendo na televisão. Estou perplexo."

    Ele afirma que o tema não o preocupava nem ao grupo J&F, mas que "a corrupção é ruim para o empresário".

    "O Brasil, em tese, estava normal. E, de repente, a gente vê esse negócio da Lava Jato, da Petrobras. É um negócio impactante", afirmou.

    Relacionado entre grandes empresários que despontaram como campeões nacionais durante as presidências petistas, grupo do qual fazem parte Marcelo Odebrecht e Eike Batista, ele afirma que só conheceu o presidente Lula em 2013 e que já havia se tornado líder do seu setor em 2000, antes da primeira gestão lulista.

    *

    Folha - Dos grandes empresários que começaram a ganhar projeção pela proximidade com o ex-presidente Lula, o senhor é, no momento, o único que está fora da prisão ou sem ligação mais forte com irregularidade. Como isso tem afetado seus negócios ou o senhor pessoalmente?

    Tudo que aconteceu até agora é fruto de delação. E não sei como funciona o processo. Francamente: ninguém quer acabar com a corrupção mais do que eu. Pode ter outro que queira igual, mais não.

    Esse negócio de que um quer acabar com a corrupção e o outro não... Eu sou da turma dos que quer, porque corrupção é um câncer para a economia.

    O senhor diria que a corrupção é disseminada no Brasil?

    Olha, eu não sabia. Eu não tinha conhecimento do que estou vendo na televisão. Estou perplexo com esse negócio que estou assistindo na televisão, do que saiu até agora.

    DONO DA JBS
    Outros trechos da entrevista com Joesley

    Mas a corrupção não o afetava? Por que a preocupação de acabar com ela?

    A corrupção é algo ruim para o empresários. Operamos nos Estados Unidos e em vários países. São países que funcionam bem. E o Brasil, em tese, estava normal. E, de repente, a gente vê esse negócio da Lava Jato, da Petrobras. É um negócio impactante.

    Por trás desse negócio da Petrobras, estão vindo várias outras coisas. Acho um processo natural do amadurecimento das nossas instituições.

    Ao contrário do que a lenda urbana fala, de que nós temos contato, que temos amizade com o presidente Lula.

    Em 2000, antes do governo Lula, já havíamos nos tornado a maior empresa do nosso setor. Antes de o presidente Lula assumir. O presidente Lula assumiu em 2003, eu vim a conhecer ele em 2013. Agora só. Por causa desse mito, dessa lenda.

    Mas o senhor participava das reuniões que Lula fazia com os empresários.

    A mesa redonda? Sim, eu fui. Mas aquilo era muito grande, muita gente.

    Em nenhuma dessas eu consegui conversar pessoalmente. Eram umas 30 pessoas. Ele passava, cumprimentava. Passava aquele monte de gente. Eu participei, dei minha opinião.

    Como foi o encontro em 2013?

    Sabe que essa lenda de filho do Lula [de que o filho de Lula seria sócio da JBS. Um dia rodou na internet a foto de uma fazenda [que seria do filho do Lula]. E aí me ligaram lá do Instituto Lula, nunca tinha ido, e fui lá. Pensei: que diabo é isso?

    Chegando lá, qual era o assunto? Era o presidente Lula com esse negócio. Porque teve uma época que isso do filho do Lula pegou uma dimensão... Eu não conheço os filhos do Lula, nunca estive com os filhos do Lula. Essa lenda de Lula, de PT, ela é tão curiosa, porque nunca fez parte do meu círculo, do nosso.

    Mas o que o Lula queria? Mostrar uma foto?

    Era isso. Porque chegou uma hora que... Acho que tanto nós quanto ele... Acho maluco aquilo. Mas chegou uma hora que... Tanto é que, depois desse momento, colocamos no site nosso que "não é do Lula". Passamos a tratar desse assunto para combater...

    Ele pediu para vocês ajudarem na comunicação disso?

    É. [Lula disse que] Vocês têm de fazer alguma coisa, porque "Friboi do Lula, Friboi do Lula"... Não tenho nada a ver com isso. Vocês aí estão fazendo propaganda. A marca é sua. Foi aí que falei: é mesmo, esse troço está tomando proporções. Mas é uma lenda. Assim como é uma lenda essa história do BNDES.

    O que é uma lenda?

    Essa história das relações nossas, que o BNDES ajudou, que o BNDES fez. Ele comprou ações e eu vendi. É diferente de empréstimo. Ele comprou. Se ele quiser ser dono dessas ações para o resto da vida, não tenho nada a fazer.

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