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    Guia da Micro, Pequena e Média Empresas (MPME)

    Produtoras de eventos lucram com blocos na rua

    DHIEGO MAIA
    EVERTON LOPES BATISTA
    DE SÃO PAULO

    19/02/2017 02h00

    Antes contratadas apenas para organizar o Carnaval, produtoras de eventos têm criado seus próprios blocos de rua ou virado sócias de grupos já consolidados na folia para lucrar mais.

    É o caso da Rua Livre, start-up do grupo Catraca Livre. A empresa vai participar da folia com três blocos: Beatloko (rap), SP Beats (eletrônica) e o Brega, com hits de Odair José a Waldick Soriano.

    A empresa tem um departamento para gerir o Carnaval, que responde por grande parte do faturamento, afirma o diretor Estevão Romane. "As marcas só patrocinam os blocos que dialogam com sua identidade e princípios."

    A Rua Livre teve, neste ano, patrocínio da Skol e do aplicativo de táxi 99. "O desafio é fazer um conteúdo que possa dar visibilidade às marcas, mas sem prejudicar a espontaneidade", diz Romane.

    A produtora Oficina de Alegria é sócia do Bangalafumenga, bloco que arrasta uma multidão por onde passa. Em cada show do grupo em São Paulo, 50% do lucro cai na conta da Oficina, conta Alan Edelstein, um dos quatro sócios da produtora.
    A empresa também tem participação nos ganhos dos desfiles de Baiana System e Sargento Pimenta na cidade.

    "Eles entram só com a parte musical. Nós fazemos a gestão, estruturamos o conceito e prospectamos o patrocínio para os shows de Carnaval e os do resto do ano", conta Edelstein.

    Para organizar a folia também é preciso saber lidar com imprevistos e agir rápido para o caos não se instalar, diz Edelstein. "No ano passado, o trajeto do Banga e do Sargento mudou faltando quatro dias. Bolamos um plano emergencial para dar conta. Isso é uma constante."

    Neste ano, a Oficina de Alegria afirma ter empregado cerca de 500 pessoas, direta e indiretamente, nas apresentações de seus blocos em São Paulo, que aconteceram entre os dias 11 e 12 deste mês. O Carnaval representa metade do faturamento anual da produtora, que não divulga o total movimentado.

    Segundo Ana Claudia Bitencourt, presidente da Abeoc (Associação Brasileira das Empresas de Eventos), o folião tem exigido mais serviços especializados, como melhor qualidade de som e maior segurança, e isso tem alavancado o trabalho das produtoras. "As pessoas estão escolhendo mais. Ganha mais público quem garantir a melhor estrutura", diz.

    O segmento de eventos no país é composto por 583 empresas. Cerca de 90% delas são de pequeno e médio porte, segundo dados da Abeoc.

    PAPELADA
    Tradicionalmente, a função das produtoras no Carnaval é gerir a festa e resolver a papelada exigida por prefeituras, polícia e bombeiros para os desfiles. Para isso, ganham entre 20% e 30% do dinheiro que é repassado aos blocos patrocinados.

    Conseguir as autorizações com a prefeitura toma boa parte do tempo, mas é essencial para que a festa aconteça, afirma Rogério Oliveira, um dos sócios da Pipoca, produtora que traz o Monobloco para São Paulo.

    "Precisamos passar por diversos departamentos, entre eles a Secretaria de Cultura e a Companhia de Engenharia de Tráfego", conta Oliveira.

    "Com o crescimento do Carnaval de rua, o processo foi facilitado e conseguimos boa parte das autorizações."

    Segundo Oliveira, a empresa apresenta o projeto aos moradores de regiões onde seus blocos vão passar. "O Carnaval não deve ser imposto. É natural que existam essas regras para que seja bom para os foliões e para quem não vai festejar", afirma.

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