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    Guia da Micro, Pequena e Média Empresas (MPME)

    Cresce número de pessoas que abrem empresa após demissão, sem planejar

    DHIEGO MAIA
    DE SÃO PAULO

    20/02/2017 02h00

    Danilo Verpa/Folhapress
    O psicólogo Samuel Lana, 33, em São Paulo; ele abriu uma fábrica de skate após ser demitido
    O psicólogo Samuel Lana, 33, em São Paulo; ele abriu uma fábrica de skate após ser demitido

    A crise tem levado muitos brasileiros a abrir pequenos negócios sem nenhum planejamento. Esse fenômeno tem nome: é o empreendedorismo por necessidade.

    Ele ocorre quando uma pessoa perde o emprego e, sem fonte de renda, decide empreender. Em 2016, 12,3 milhões de pessoas ficaram desempregadas no país, segundo o IBGE.

    A organização da Feira do Empreendedor, do Sebrae-SP, calcula que 80% dos atendimentos realizados nessa edição têm como objetivo resolver problemas de quem abriu um negócio às pressas.

    A GEM (Global Entrepreneurship Monitor), pesquisa da London Business School feita em dez países, detectou que o fenômeno segue o desdobramento da crise brasileira: entre 2014 e 2015, o índice de empresas abertas por necessidade no país cresceu de 29% para 43,5%. Foram entrevistados 2.000 empreendedores no Brasil.

    O psicólogo Samuel Lana, 33, diz que se viu forçado a abrir um negócio quando perdeu o emprego, em 2011. Amante de skate, não gastou muito tempo para definir em qual ramo iria entrar. Ele criou com mais dois amigos uma fábrica do produto em Jaguariúna (SP), em 2012.

    "Não estudamos o mercado e tivemos transtornos com a importação das peças. Nossos gastos acabavam superando o valor das vendas."

    Após um ano e meio de operações e 650 skates produzidos, a fábrica fechou em 2013 —e com dívida.

    "Não tínhamos um plano de negócio e tudo o que a gente decidia hoje, mudava no dia seguinte", pontua. Hoje, Lana segue à frente de outra empresa, só que optou por um modelo já pronto: uma franquia do ramo imobiliário.

    A administradora Valdirene Diniz, 36, de Suzano (Grande SP), ainda não voltou aos trilhos após ter sido demitida, em 2012.

    Desde 2015 ela tenta erguer a Sr. Brigadeiro e a Sra. Beijinho, que produz doces com recheios como tequila e especiarias. "Quando perdi o meu emprego, entrei em depressão. Não é fácil manter um negócio próprio, mas sinto que ele pode crescer", afirma.

    Danilo Verpa/Folhapress
    As sócias Priscila Lançoni (esq.) e Fabiana Nemer, em SP
    As sócias Priscila Lançoni (esq.) e Fabiana Nemer, em SP

    PLANEJAMENTO

    Para Paulo Ribeiro, gerente do Sebrae-SP, uma empresa só prospera se consumir, ao menos, seis meses de planejamento. "Nesse intervalo, o empresário vai estudar se o produto ou serviço que ele oferece tem demanda e quais são os custos e os entraves."

    Foi o que fez a administradora Fabiana Nemer, 45. Ela e mais uma sócia criaram a Vilight, empresa de São Paulo que desenvolve dietas para atletas e pessoas que passaram por cirurgia bariátrica.

    "Experimentamos a comida da concorrência e selecionamos o que era bom e o que não era para a nossa cozinha", diz a administradora.

    Nemer diz que foi impactada pela crise, mas a empresa segue firme. "Tive que demitir dez funcionários porque os pedidos caíram 35%. Foi o planejamento que nos salvou."

    "A dica universal é começar pequeno em um ramo que, de fato, já conhece", afirma Igor Piquet, gestor de aceleração de negócios da Endeavor. Muita gente quebra, diz ele, por investir mais que do que o lucro suporta.
    Ribeiro, do Sebrae-SP, chama a atenção para outro detalhe: a caixinha dos imprevistos. "O empresário precisa guardar um recurso para cobrir gastos não planejados."

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