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    o brasil que dá certo - tecnologia

    Energia solar desce do telhado e ocupa espaço em ponto de ônibus

    CAROLINA LINHARES
    DE BELO HORIZONTE

    23/02/2017 02h00

    Vislumbrando um futuro no qual a produção de energia solar não esteja restrita a painéis de silício em telhados, a Sunew, empresa com sede em Belo Horizonte, criou a maior fábrica de filmes fotovoltaicos do mundo.

    O chamado OPV (Organic PhotoVoltaic) é a terceira geração de painéis solares, feitos a partir de uma tinta orgânica capaz de transformar a luz do sol em elétrons.

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    O produto final é semelhante a um filme fotográfico: fino, leve, flexível e semitransparente. Pode ser colado no teto de pontos de ônibus, carros, galpões metálicos, tendas de estacionamento e até no guarda-sol.

    "Para a energia solar realmente fazer parte da nossa vida e estar em todos os lugares, ela precisa ser mais facilmente integrada. Não pode ser algo para ficar só no telhado das casas", diz Marcos Maciel, CEO da Sunew.

    A empresa quer criar um mercado a partir da versatilidade do OPV em incorporar-se à arquitetura das cidades. Enquanto o metro quadrado do painel de silício pesa até 25 kg e exige uma estrutura para suportá-lo, o OPV tem meio quilo. Para carregar o celular, por exemplo, são necessários 30 cm² do filme.

    Em março, na zona norte de São Paulo, um prédio comercial entra em operação com fachadas revestidas pelo OPV. São 100 m² de painéis, inclusive formando o logotipo da firma. Outras parcerias estão em andamento.

    A Sunew é capaz de produzir 400 mil metros quadrados de OPV por ano, em diferentes cores e formatos. O preço do m² chega a R$ 1.000 -40% mais caro que o silício. "Com maior volume de produção, vai ser a tecnologia mais barata", afirma Maciel.

    Segundo ele, o gasto de energia para a produção do OPV é um décimo do empregado na do painel do silício.

    PESQUISA

    A Sunew foi criada em novembro de 2015 para produzir e comercializar o OPV a partir de pesquisa realizada pela CSEM Brasil, um centro de inovação fundado em 2007 que, apesar da marca suíça (Centro Suíço de Eletrônica e Microtécnica), tem capital 100% brasileiro.

    Os recursos vieram do governo de Minas, por meio da Fapemig, e do BNDES, além de investimentos privados como o fundo Fir Capital, Votorantim e Fiat.

    O trunfo da Sunew foi conseguir um processo de impressão dos painéis mais avançado e mais barato, modificando máquinas e tintas importadas. O método é impressão rolo a rolo, semelhante à indústria têxtil.

    Enquanto o rolo de plástico percorre a máquina de impressão, a tinta é despejada. Para funcionar bem, a substância precisa ser aplicada uniformemente e em uma espessura que é específica -mil vezes mais fina do que um fio de cabelo.

    A tinta, no entanto, é só a terceira camada a ser impressa. São cinco no total, necessárias para melhorar o fluxo de elétrons. Por fim, o filme é revestido com plástico, que garante ao painel sua vida útil: cerca de três anos numa capa de celular e sem data de expiração na fachada -conserva o tempo que durar o vidro do revestimento.

    *

    R$ 100 mi
    foi o valor investido na pesquisa dos filmes fotovoltaicos, com retorno previsto para 2020

    500 g
    é quanto pesa um metro quadrado do filme, contra 25 kg da placa tradicional

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