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    Desemprego em 2016 foi maior entre pretos, pardos, mulheres e jovens

    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO

    23/02/2017 10h25 - Atualizado às 15h07

    O desemprego no país no ano passado foi maior nas camadas da população formadas por pretos e pardos, mulheres e os mais jovens.

    As informações constam de suplemento da Pnad Contínua, a pesquisa oficial de emprego do IBGE, divulgada nesta quinta-feira (23), com dados do quarto trimestre de 2016.

    No período, a taxa média de desocupação ficou em 12% e o país chegou ao último trimestre do ano passado com 12,3 milhões de pessoas na fila do emprego.

    Taxa composta da subutilização da força de trabalho - Agrega a taxa de desocupação, taxa de desocupação por insuficiência de horas e da força de trabalho potencial, em %

    Pela primeira vez o IBGE investigou o desemprego considerando a cor ou raça da população. A taxa de desocupação das pessoas que se declararam de cor preta (14,4%) ou parda (14,1%) foi maior do que das pessoas que se autodeclararam brancas (9,5%). Não há dados para comparação.

    O rendimento médio dos negros no quarto trimestre foi de R$ 1.461, enquanto o de brancos foi de R$ 2.660. A relação permanece no mesmo patamar desde 2012.

    "São barreiras diferentes quando se avalia o desemprego por raça, gênero e idade, mas a população preta e parda tem historicamente problemas culturais para se inserir no mercado de trabalho", disse o coordenador de Emprego e Renda do IBGE, Cimar Azeredo.

    "Mesmo quando se inserem, os negros têm rendimento bem inferior ao dos brancos. Isso são as heranças do processo de colonização do país, que legou os negros a uma realidade de baixa escolaridade e menos oportunidades", disse.

    De acordo com Azeredo, parte da população negra ocupa postos de trabalho de menor rendimento, como a construção civil, por exemplo, que somente no ano passado fechou 1 milhão de vagas.

    GÊNERO

    O desemprego atingiu mais as mulheres do que homens. Segundo a Pnad, a taxa de desocupação entre mulheres no país foi de 13,8%, enquanto de homens foi de 10,7%. Em todas as cinco grandes regiões investigadas, a situação se repete.

    No total de pessoas desocupadas no país —desempregados em busca de oportunidade—, a maioria é de mulheres (50,3%).

    O Nordeste é a região que registra taxa de desocupação mais alta entre elas, de 16,5%. No Norte, o indicador foi de 16%. No Sudeste (13,8%) e Centro-Oeste (13,2%), a taxa permaneceu acima da média no Brasil.

    Já no Sul, o desemprego das mulheres foi o mais baixo das cinco regiões, com 8,9%, mais alta, contudo, que a desocupação entre homens, de 6,7%.

    Os mais jovens foram os mais afetados pelo desemprego. A desocupação entre jovens de 18 a 24 anos foi de 25,9%. No grupo de pessoas de 25 a 39 anos, a taxa foi de 11,2%. Já entre a população de 40 a 59 anos, o desemprego foi de 6,9%.

    O desemprego foi maior na região Nordeste, que registrou taxa de desocupação de 14,4%. A taxa é maior que a do Norte (12,7%) e do Sudeste (12,3%). O Centro-Oeste (10,9%) e o Sul (7,7%) foram as únicas regiões onde o desemprego ficou abaixo da média do país.

    Dos cerca de 12 milhões de desocupados no país no fim do ano passado, 2,3 milhões estavam na fila há dois anos ou mais —cerca de 20% do total. A maioria dos desocupados, contudo, estava de um mês a menos de um ano em busca de inserção: 6,08 milhões nesta condição no quarto trimestre de 2016.

    SUBUTILIZAÇÃO DA FORÇA

    O IBGE também investigou a chamada subutilização da força de trabalho, que consiste na soma de três indicadores que mostram a deterioração do mercado.

    A subutilização é formada pelos desocupados (desempregados em busca de oportunidade), pela força potencial de trabalho, que são as pessoas sem emprego, que gostariam de trabalhar, mas que não estão procurando trabalho ou estão disponíveis, e pelas pessoas que trabalham por menos de 40 horas semanais.

    A taxa composta da subutilização foi de 22% no quarto trimestre, o que representou avanço em relação ao trimestre anterior (21,2%). No último trimestre de 2015, a mesma taxa esteve em 17,3%.

    A taxa da chamada subocupação por insuficiência de horas trabalhadas atingiu 17,2%. Já a força de trabalho potencial chegou a 17,4%. Em todos os casos houve aumento em relação ao trimestre anterior e também em período equivalente de 2015.

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