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    BNDES e fundo do FGTS decidem manter sociedade com Odebrecht

    JULIO WIZIACK
    DE BRASÍLIA

    26/02/2017 02h00

    Fernando Frazão/Agência Brasil
    VLT Carioca, no centro do Rio de Janeiro, administrado pela OTP, braço de concessões do grupo Odebrecht
    VLT Carioca, no centro do Rio de Janeiro, administrado pela OTP, braço de concessões do grupo Odebrecht

    Após meses de negociação, em que ameaçaram romper a sociedade com a Odebrecht, os dois principais parceiros do braço do grupo que administra concessões na área de infraestrutura decidiram buscar novos sócios para a companhia e vender alguns dos negócios de que participam.

    A decisão foi tomada nesta sexta (24) pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e pelo FI-FGTS, o bilionário fundo de investimentos formado com dinheiro do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) dos trabalhadores.

    O acordo prevê que a empresa fará até agosto uma avaliação da necessidade de dinheiro novo para destravar investimentos represados desde que o grupo Odebrecht foi atingido pelas investigações da Operação Lava Jato.

    A empreiteira enfrenta dificuldades para apresentar garantias e renovar financiamentos para tocar projetos.

    Quem é quem na Odebrecht TransPort (OTP) - Participação acionária, em % do capital

    A Odebrecht tem 59,4% da Odebrecht Transport (OTP), que administra as concessões do grupo baiano. O FI-FGTS tem 30% e a BNDESpar, braço de investimentos do banco estatal, tem outros 10,6%.

    O FI-FGTS, cujos negócios com a Odebrecht e outros grandes grupos também estão sob investigação, chegou a cogitar a separação de ativos e o distrato entre as empresas, segundo pessoas que participaram das negociações.

    Mas, segundo Eliane Lustosa, diretora da área de mercado de capitais do BNDES, nos últimos dias as conversas avançaram e foi possível chegar a uma fórmula em que todos continuam como sócios.

    Investimentos anunciados, - Em R$ bilhões*

    "Vamos buscar um ou dois investidores estratégicos", disse. "Temos um cronograma definido para precificar todos os ativos [empresas], contratamos bancos para fazer as avaliações e buscar investidores e empresas independentes para checar cada premissa usada no cálculo [do valor das empresas]."

    Para conduzir esse processo, foi criado um comitê com dois representantes de cada sócio e dois representantes de conselheiros independentes.

    A OTP administra o aeroporto internacional do Galeão, no Rio, rodovias em seis Estados, uma ferrovia, projetos de mobilidade urbana (trens, metrôs e VLTs) e empreendimentos de logística, como armazéns e terminais de escoamento de combustível. A empresa tem R$ 49,3 bilhões em investimentos previstos para os próximos anos.

    Segundo Lustosa, já há interessados na compra de algumas empresas da OTP e, se as negociações prosperarem, parte dos recursos vai reforçar o capital da empresa. Só depois de equilibrada a situação a Odebrecht poderia receber algum dinheiro decorrente da venda dos ativos. A Odebrecht e a Caixa, que administra o FI-FGTS, não se manifestaram sobre o assunto.

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