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    ANÁLISE

    Tombo será elemento central para todos os lados na eleição de 2018

    IGOR GIELOW
    DE SÃO PAULO

    07/03/2017 12h35

    Pedro Ladeira/Folhapress
    O presidente Michel Temer participa da Reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (Conselhão), no Palácio do Planalto. Ao lado dele, estão os presidentes da Câmara e do Senado, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), além do ministro Henrique Meirelles (Fazenda).
    Temer em reunião do Conselhão, ladeado por Rodrigo Maia (Câmara, esq.) e Eunício Oliveira (Senado)

    O retrato desastroso indicado pelos números consolidados do PIB de 2016 não trazem novidade econômica, mas confirmam que a recessão estará na linha de frente da construção de qualquer discurso eleitoral na campanha presidencial de 2018 _de situação ou de oposição.

    Se a Operação Lava Jato é o denominador comum nas discussões sobre viabilidade de candidaturas, é preciso lembrar que a economia será igualmente um ponto central no debate de quem sobreviver para disputar a Presidência.

    Como diz o ministro Henrique Meirelles (Fazenda), é uma fotografia passada. Mas mesmo que as previsões mais otimistas se concretizem e a economia de fato engate uma recuperação neste ano, para fins meramente eleitorais a sombra da tragédia estará presente no ano que vem.

    Isso porque a população pode até sentir efeitos no bolso com o controle da inflação e, em alguns casos, com o dinheiro que vai pingar das contas inativas do FGTS. Mas o efeito da crise é semelhante ao de qualquer falência corporal: quando chega aos rins, a coisa fica feia. E os rins deste paciente que é o eleitor foram afetados quando o emprego começou a despencar.

    Ele foi o último indicador a enterrar as chances de governabilidade do governo Dilma Rousseff, por ser de reação lenta. A lógica inversa é a mesma, e mesmo uma melhora que entre 2018 tende a demorar para reverter o quadro do desemprego agudo.

    Com isso, quem for alinhado ao governo Michel Temer (PMDB), se ele não tiver sido abatido pela Lava Jato ou pelo TSE, terá de manter a torcida pela retomada econômica. Caso dê certo, o desafio será empacotar uma mensagem de esperança em dias melhores.

    Fácil não será, e não é casual que hoje a conversa sobre candidaturas simpáticas ao Planalto esteja mais para planos B (João Doria, Marina Silva) ou tucanos afastados do núcleo do governo (Geraldo Alckmin).

    Do lado da oposição, teoricamente a tarefa é mais fácil, exceto que haja uma melhoria de cenário robusta o suficiente para se fazer notar, o que hoje é visto com ceticismo por economistas. Basta então alinhavar os números negativos e prometer o paraíso com medidas mais ou menos exequíveis.

    O óbice à estratégia é o fato de que foi o PT que engendrou a atual recessão. Temer até estava lá como parceiro de Dilma, mas, como todos sabem, era apenas decorativo. A crise tem pai (Lula) e mãe (Dilma), e uma série de parteiros já identificados (Guido Mantega, Arno Augustin, Luciano Coutinho e afins).

    Assim, se a oposição estiver encabeçada ou apoiada pelo PT, como é razoável considerar, terá de enfrentar esse debate sobre responsabilidades. Usualmente, em campanhas isso acontece com a tal "pós-verdade" e "fatos alternativos", mas a experiência traumática de 2014 talvez possa ter vacinado o eleitorado.

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