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    análise

    Temer turbina agenda econômica para rivalizar com Lava Jato

    PAULO GAMA
    EDITOR INTERINO DO PAINEL

    07/03/2017 17h21

    Com o sistema nervoso do governo contaminado pela operação Lava Jato e com a popularidade em níveis críticos, o avanço da pauta econômica de Michel Temer no Congresso surge como única salvação de seu governo.

    Temer não é "reformista" por opção, mas por pura necessidade. Depende da aprovação de mudanças estruturais, principalmente na Previdência, para sobreviver —essa é sua fraqueza e seu trunfo.

    Foi por isso que, já certo de que a segunda lista do procurador-geral Rodrigo Janot atingiria em cheio seu governo, o presidente passou os últimos dias afinando os ponteiros com sua nova equipe de articulação política. Precisa fazer avançar sua agenda no Congresso.

    Reforma da Previdência
    As mudanças propostas na aposentadoria

    Ainda que sua principal pauta —a Previdência— não lhe renda popularidade, o pior cenário seria o de ver seu governo em uma situação de paralisia.

    O peemedebista não conduz uma gestão bem avaliada nas pesquisas, pelo contrário. Sua maior força reside na boa relação com Câmara e Senado e na capacidade de imprimir velocidade às reformas, ainda que em um cenário adverso.

    Se mesmo no Congresso as coisas começarem a derrapar, o discurso do "governo reformista" se dissolve, e Temer fica sem ter o que mostrar a empresários e operadores do mercado.

    Seguindo a linha de dar peso à agenda econômica, o governo decidiu detalhar na reunião com empresários e sindicalistas do Conselhão mais uma reforma – desta vez a tributária – e anunciar com alarde o novo pacote de concessões.

    Um senão é que mesmo na seara econômica o governo não vive de boas novas. Ainda que a equipe econômica tenha enfatizado o caráter de "espelho retrovisor" da queda de 3,6% no PIB do ano passado, a notícia não deixa de ser negativa.

    Temer completa um ano no cargo em maio, e a última medida de ajuste que aprovou foi a do teto de gastos, em dezembro. Com o Congresso em recesso durante boa parte desse intervalo, ficou sem boas notícias para dar ao mercado. Para alguém "reforma-dependente" como ele, o período, mesmo curto, pode provocar crise de abstinência.

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