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    Governo tenta desviar o foco da recessão com agenda de reformas

    MARINA DIAS
    GUSTAVO URIBE
    DIMMI AMORA
    MAELI PRADO
    DE BRASÍLIA

    08/03/2017 02h00

    No dia em que foram divulgados os dados sobre a retração na economia brasileira em 2016, o governo do presidente Michel Temer trabalhou para desviar o foco da recessão e mostrar que o Planalto ainda tem o apoio do setor empresarial.

    Segundo a Folha apurou, a equipe econômica de Temer avaliou como "horrível e desastroso" o resultado do PIB do ano passado, mas adotou o discurso público, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, de que os dados são reflexo de um "espelho retrovisor" e que o cenário irá melhorar ainda neste ano.

    RECESSÃO BRASILEIRA
    PIB do país recua 3,6% em 2016

    Durante discurso na abertura da reunião do chamado Conselhão, com representantes da sociedade civil, o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) disse que recebeu dados que mostram que o país "já começa a voltar a crescer".

    Temer, por sua vez, evitou tratar do tema e focou sua fala nas reformas previdenciária, trabalhista e tributária.

    Sob pressão de grande parte da base aliada no Congresso para alterar a proposta de reforma da Previdência —e sem o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) na linha de frente das articulações—, o presidente adotou um discurso duro contra os partidos de oposição e os críticos às mudanças na aposentadoria.

    "A reforma pode ter, eventualmente, ajustamentos, e quem vai discutir isso é o Congresso. Mas quem reclama é quem, na verdade, ganha mais. Quem está acima desses tetos, quem tem aposentadoria precoce", disse.

    Temer pediu a representantes do mercado financeiro e varejista presentes no encontro no Planalto apoio à proposta e disse que, caso tenham dúvidas ou sugestões de mudanças no texto, enviem à equipe econômica.

    PIB - Ano x ano anterior, em %

    A prorrogação da licença médica de Padilha por uma semana preocupa Meirelles.

    Segundo aliados, o ministro da Fazenda, que tem entrado em conflitos diretos com seu colega da Casa Civil, tem medo de que, sem a articulação de Padilha, a reforma não seja aprovada nos moldes que o governo deseja.

    Diante desse cenário, Meirelles passou a articular pessoalmente com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a tramitação do projeto na Casa.

    Para Meirelles, a aprovação da reforma da Previdência vai sinalizar ao mercado que o país conseguirá controlar as contas públicas e poderá crescer até 3% ao ano.

    Na tentativa de impor uma pauta positiva, o presidente anunciou que a reforma tributária, outra frente de seu governo, será feita de forma fatiada e terá início até o fim deste mês. A informação foi antecipada pela Folha.

    Meirelles falou ainda na possibilidade de aumentar tributos como forma de conseguir cumprir a meta de deficit primário de 2017, de R$ 139 bilhões.

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