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    Uber anuncia que deixará de usar ferramenta secreta contra autoridades

    DO "NEW YORK TIMES"

    09/03/2017 11h49

    Toby Melville/Reuters
    Uber defendeu seu modelo de negócios no tribunal mais alto da Europa nesta terça-feira
    Uber usou ferramenta secreta para enganar autoridades pelo mundo todo

    O serviço de carros Uber anunciou na quarta-feira (8) que proibiria o uso por seus funcionários de um programa chamado Greyball, cuja função é inibir as ações das autoridades contra a empresa.

    A nova regra da Uber para o uso do Greyball, um software que a empresa desenvolveu para mostrar a usuários versões diferentes de seu app, vem depois de um artigo do "New York Times" que delineou a maneira pela qual a empresa havia usado o recurso a fim de identificar e evitar a ação de autoridades regulatórias locais que estavam investigando o serviço.

    O artigo, que citava quatro atuais e quatro antigos funcionários da Uber, revelou que a empresa havia usado o Greyball para restringir as ações das autoridades em diversas cidades, nos Estados Unidos e em outros países.

    Em declaração divulgada na quarta-feira, Joe Sullivan, o vice-presidente de segurança da Uber, disse que a empresa estava conduzindo uma revisão sobre a forma pela qual a tecnologia havia sido usada.

    "Estamos proibindo expressamente seu uso para dificultar as ações de autoridades locais, no futuro", disse Sullivan. "Dada a maneira pela qual nossos sistemas estão configurados, vai demorar algum tempo para que essa proibição entre em vigor completamente".

    Um porta-voz da empresa, perguntando sobre o motivo para que a Uber não aplicasse a proibição de imediato, se recusou a oferecer outros detalhes.

    A Uber disse que diversas organizações haviam consultado a companhia sobre o programa e que assim que a revisão for concluída essas consultas serão respondidas.

    Na semana passada, Marietje Schaake, membro do Parlamento Europeu pelo Partido Democrático Holandês, escreveu à Comissão Europeia perguntando se esta planejava investigar o uso do Greyball pela companhia.

    Além disso, autoridades municipais de Portland, Oregon, pediram por uma investigação sobre o uso do Greyball pela Uber na cidade.

    Em 2014, a Uber começou a oferecer seu serviço de carros a preço baixo em Portland sem permissão da prefeitura. A cidade posteriormente declarou o serviço ilegal. Fiscais que fingiam ser passageiros tentaram investigar o serviço, mas não conseguiram apanhar motoristas da Uber em flagrante.

    Aparentemente, a Uber estava usando o Greyball para evitar as ações das autoridades. Em um caso, um fiscal municipal de Portland que usou o app da Uber via ícones representando carros da empresa em seu mapa. Mas os carros mesmos não apareciam para apanhá-lo. E os carros que os fiscais conseguiam chamar tinham seus pedidos cancelados pela empresa antes que chegassem.

    A revelação sobre o uso do Greyball pela Uber veio se somar à recente onda de notícias desfavoráveis sobre a empresa. Em janeiro, a companhia enfrentou a campanha #deleteUber, por parte de passageiros que consideravam que a empresa estava tentando tirar vantagem de uma greve de taxistas no Aeroporto Internacional Kennedy, em Nova York. (Os taxistas estavam protestando contra as restrições do presidente Trump à imigração.)

    No mês passado, a Uber começou a ser fortemente criticado por sua cultura no local de trabalho e se viu alvo de um processo relacionado à sua unidade de carros autoguiados. E na semana passada, a empresa enfrentou preocupações relacionadas ao temperamento de seu presidente-executivo, Travis Kalanick, depois que um vídeo que o mostrava agredindo verbalmente um motorista da empresa se tornou público.

    A empresa não informou, porém, se planeja proibir o uso do Greyball em todas as circunstâncias. A Uber disse que usava a tecnologia para muitos propósitos, entre os quais testes de novos recursos por seus funcionários, promoções de marketing, e para impedir que passageiros usem o app de maneiras que violem as regras de uso da empresa.

    O Greyball surgiu de um programa da Uber chamado VTOS, sigla em inglês para "violação dos termos de serviço", que a empresa diz ter criado para identificar pessoas que, em sua opinião, estavam usando seus serviços indevidamente. O programa surgiu em 2014 e continua em uso, principalmente fora dos Estados Unidos. A equipe jurídica da Uber aprovou o uso do Greyball.

    Funcionários da Uber dizem que as práticas e instrumentos empregados pela empresa derivam em parte da necessidade de proteger motoristas que foram alvo de violência em diversos países. Na França, Índia e Quênia, por exemplo, frotas de táxis e taxistas atacaram novos motoristas da Uber.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

    Edição impressa
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