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    Mercado passa a prever juros de 9% no ano, mas impacto será em longo prazo

    DANIELLE BRANT
    EULINA OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    14/03/2017 02h00

    A desaceleração da inflação em fevereiro, com a menor taxa para o mês desde 2000, levou economistas a cortar a projeção para a taxa básica de juros para o fim do ano. De acordo com o Boletim Focus, divulgado nesta segunda (13) pelo Banco Central, as estimativas do mercado para a Selic em 2017 caíram de 9,25% para 9%.

    O ajuste nas previsões ocorreu após a alta de 0,33% do IPCA, índice oficial de preços, no mês passado. O índice ficou abaixo do esperado. A inflação acumulada em 12 meses recuou para 4,76%, perto do centro da meta do BC, que é de 4,5%. No Focus, o mercado reduziu ainda mais a expectativa para o IPCA neste ano, de 4,36% na pesquisa anterior para 4,19%.

    Já as estimativas para o PIB pouco se alteraram, de 0,49% para 0,48%, mesmo após a retração de 0,9% da atividade no quarto trimestre do ano passado, mais que a esperada pelos analistas —no ano, a economia brasileira teve contração de 3,6%.

    Boletim Focus

    SEGUNDO SEMESTRE

    O cenário de fraqueza econômica e inflação sob controle aumentou as apostas de uma queda mais acentuada da Selic nos próximos meses para estimular a atividade, mas o consenso é que a retomada só deve vir no segundo semestre e que vai depender de outros fatores além do juro menor. Isso porque os bancos devem demorar a repassar a queda da Selic a consumidores e empresas, devido à inadimplência elevada.

    "Do lado do consumidor, se o juro cai e você está desempregado, não vai consumir. As empresas, projetando que não vão vender mais, não pegam capital de giro e deixam de investir", diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.

    JURO REAL

    Outro ponto é que o IPCA desacelera em ritmo mais forte que a Selic, o que mantém a taxa de juros real (descontada a inflação) elevada. "O juro real só deve cair significativamente no começo do próximo semestre, o que estimulará mais a economia", diz Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.

    "Embora se fale que a taxa de equilíbrio do juro real está em torno de 5%, para incentivar a economia, o BC tem de jogar essa taxa para 4%. Mas isso não resolve o alto endividamento das empresas e dos consumidores", diz André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

    Para especialistas, a aprovação das reformas, especialmente a da Previdência, é essencial. "Sem a reforma da Previdência, o esforço para a retomada vai por água abaixo. A inflação vai voltar a acelerar e mergulharemos de novo na recessão", diz Alexandre Espírito Santo, economista da Órama Investimentos.

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