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    Bolsa cai 2,93%, maior baixa em quase quatro meses, com exterior; dólar sobe

    EULINA OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    21/03/2017 18h00

    Kevin Lamarque/Reuters
    Investidores temem eventual fracasso de Trump em levar adiante pacote para estimular a economia

    O Ibovespa encerrou a terça-feira (21) em baixa de 2,93%, aos 62.980,37 pontos. É a maior queda percentual desde 1 de dezembro de 2016 (-3,88%). Também é a menor pontuação desde 11 de janeiro deste ano (62.446,26 pontos).

    Além da cautela no cenário interno, o principal índice da Bolsa foi pressionado pelo exterior, principalmente pelo recuo das commodities e pelo mau humor na Bolsa de Nova York. O índice S&P 500 caiu 1,24% e o índice Dow Jones perdeu 1,14%, nas piores performances desde setembro de 2016, ainda durante a campanha presidencial americana. O índice de tecnologia Nasdaq caiu 1,83%.

    Segundo analistas, o motivo para a aversão ao risco são os temores em relação à política econômica do presidente Donald Trump. "Ele está enfrentando dificuldades para aprovar a reforma do sistema de saúde no Congresso. Com isso, investidores começam a especular se Trump conseguirá levar adiante seu pacote de estímulos econômicos", afirma Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos.

    Após a eleição do republicano, em novembro, as Bolsas mundiais passaram a avançar com a perspectiva de que ele aceleraria o crescimento econômico dos Estados Unidos, por meio da redução de impostos e aumento dos gastos públicos, especialmente com infraestrutura.

    A queda dos índices em Wall Street também contaminou as Bolsas europeias, que inverteram o sinal e fecharam no campo negativo.

    VALE, PETROBRAS E BANCOS

    Voltando para a Bovespa, a desvalorização do minério de ferro e do petróleo também contribuiu para o recuo dos papéis de Vale e Petrobras, respectivamente.

    Vale PNA caiu 8,47% e Vale ON, -8,18%. As ações PN da Bradespar, acionista da mineradora, recuaram 8,50%.

    Entre as siderúrgicas, CSN ON caiu 8,94%; Gerdau PN, -7,12%; Metalúrgica Gerdau PN, -9,21%; e Usiminas PNA, -7,38%.

    O minério de ferro entregue em Qingdao, na China, perdeu 4,26% nesta sessão, a US$ 87,59, pressionado pelo aumento da oferta, segundo analistas.

    As ações da Petrobras caíram 4,41% (PN) e 3,38% (ON). A estatal de petróleo divulga seu balanço do quarto trimestre nesta terça-feira, após o fechamento do mercado.

    No setor financeiro, Itaú Unibanco PN cedeu 2,15%; Bradesco PN, -2,96%; Banco do Brasil ON, -2,38%; e Santander unit, -2,46%.

    "Já havia um mal-estar no cenário doméstico por causa de um eventual aumento de impostos, das dificuldades na aprovação da reforma da Previdência e das consequências da Operação Carne Fraca para o mercado brasileiro", afirma Pedro Galdi, analista da Upside Investor. "O cenário externo negativo potencializou esse mal-estar."

    A equipe econômica do governo divulga nesta quarta-feira (22) sua programação orçamentária para este ano, e os temores dos investidores estão relacionados a um possível aumento de impostos. "Se isso mesmo ocorrer, vai acabar atrasando ainda mais a recuperação da economia", diz Galdi.

    A Bovespa também tem sofrido com a fuga de recursos estrangeiros. Somente neste mês, até o dia 17, houve a saída de R$ 2,829 bilhões de capital externo da Bovespa.

    CÂMBIO E JUROS

    A piora do humor doméstico afetou ainda o mercado de câmbio. O dólar chegou a cair mais cedo, mas passou a subir. A moeda americana encerrou o pregão em alta de 0,61%, a R$ 3,0910, na cotação comercial.

    No exterior, o dólar acabou tendo comportamento misto.

    Pela manhã, o Banco Central rolou mais 10 mil contratos de swap cambial que vencem em abril. A operação, equivalente à venda futura de dólares, totalizou US$ 500 milhões.

    Os juros futuros negociados na BM&FBovespa, no entanto, fecharam em baixa, com a perspectiva de aceleração no ritmo de cortes da taxa básica de juros (Selic).

    O CDS (credit default swap) brasileiro de cinco anos, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, subia 3,12%, aos 237 pontos, após avançar quase 8% na véspera com o aumento da percepção de risco.

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