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    Previdência

    Temer retira servidores estaduais e municipais da reforma da Previdência

    GUSTAVO URIBE
    LAÍS ALEGRETTI
    DANIEL CARVALHO
    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA

    21/03/2017 20h16 - Atualizado às 10h42

    Na tentativa de diminuir a pressão contra a reforma da Previdência, o presidente Michel Temer anunciou a retirada de servidores públicos estaduais e municipais da proposta que muda as regras de aposentadoria.

    A medida do governo, que já havia deixado de fora da proposta as Forças Armadas, bombeiros e policiais militares, enfraquece o argumento de que as mudanças afetariam toda a população.

    A decisão foi tomada nesta terça-feira (21) para enfraquecer o poder de mobilização contra a reforma, já que professores públicos e policiais civis são duas categorias numerosas que têm se manifestado contra as mudanças.

    Reforma da Previdência
    As mudanças propostas na aposentadoria

    Serão excluídos da reforma os servidores estaduais e os funcionários públicos de municípios que têm regimes próprios de Previdência. Os servidores de municípios que estão ligados ao INSS serão afetados pelo texto que for aprovado pelo Congresso. Cerca de 3.500 municípios estão ligados ao INSS, enquanto outros 2.000 têm regimes próprios de Previdência.

    Estados e municípios gastaram com aposentadorias e pensões em 2016 o equivalente a 3,2% do PIB e acumularam um deficit de 1,2% do PIB, segundo a Secretaria de Previdência. O governo federal gastou com servidores 1,8% do PIB (deficit de 1,3% do PIB).

    Em pronunciamento no Planalto, Temer disse que a decisão respeita a autonomia estadual e fortalece o princípio federativo.

    Segundo ele, caberá aos governos estaduais e municipais elaborar suas próprias reformas. A medida, contudo, não agrada a governadores, que enfrentarão resistência para promover reformas na véspera do ano eleitoral.

    Um governador ouvido pela Folha disse que o ônus da reforma, antes do governo federal, agora recai sobre as gestões estaduais e municipais e os Legislativos locais.

    Conforme antecipado pela coluna "Painel", deputados federais buscavam empurrar a tarefa de definir as regras para a categoria para as Assembleias Legislativas.

    Para anunciar a decisão, o presidente convocou um pronunciamento surpresa no início da noite. Até os técnicos envolvidos na elaboração da reforma foram surpreendidos.

    Segundo interlocutores do governo, a mudança também acaba com um risco de judicialização do tema, já que preserva a autonomia federativa dos Estados.

    ONDE MAIS CEDER

    Além do recuo, por pressão de parlamentares da base aliada, o peemedebista avalia ceder em pelo menos mais três pontos da proposta original: nas regras de transição para a idade mínima e nas mudanças na aposentadoria rural e no BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a pessoas idosas ou com deficiência de baixa renda.

    Nesta terça, o relator da proposta, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), reconheceu que há "quase um consenso" na base aliada para alterar a transição. Segundo ele, é possível criar um escalonamento por idade ou tempo de contribuição.

    Após se reunir com Temer, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse que o presidente recebeu com "compreensão e sensibilidade" à proposta do partido de manter uma diferenciação entre as aposentadorias urbana e rural e de não alterar o BPC.

    Temer pediu à sua equipe levantamento com os principais pontos de insatisfação de parlamentares em relação à reforma. O governo quer lista dos deputados propensos a votar contra o Planalto. O presidente pretende fazer pessoalmente uma ofensiva sobre eles.

    Um diagnóstico prévio do governo federal mostrou que o maior índice de insatisfação da proposta está em partidos como PSB, PTB, PSD e Solidariedade.

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