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    operação carne fraca

    Juiz manda soltar oito investigados na Operação Carne Fraca

    DE SÃO PAULO
    DE CURITIBA

    22/03/2017 00h56 - Atualizado às 11h59

    Edson Silva/Folhapress
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    Frigorífico em SP

    A Justiça Federal do Paraná determinou, na madrugada desta quarta (22), a soltura de oito investigados na Operação Carne Fraca, que apura supostas irregularidades na fiscalização de frigoríficos pelo país.

    Eles tinham uma ordem de prisão temporária, válida por cinco dias, que venceu nesta terça (21).

    O juiz Marcos Josegrei da Silva entendeu que os oito integram "um escalão intermediário de servidores públicos", e que não havia justificativa para que eles permanecessem detidos.

    Os oito presos liberados já foram ouvidos pela Polícia Federal.

    O juiz determinou, porém, a manutenção da prisão de outros dois investigados, Antônio Garcez da Luz e Brandizio Dario Junior, que eram chefes de unidades de inspeção no interior do Paraná, assim como Rafael Nojiri Gonçalves, filho do suposto líder da organização criminosa, que ainda não prestou depoimento à PF.

    Eles ficarão detidos por mais cinco dias, quando haverá nova deliberação sobre sua soltura ou não.

    Ainda há outras 25 pessoas detidas preventivamente na operação, que só saem com nova decisão judicial. Um empresário, Nilson Alves Ribeiro, que vive na Itália, é considerado foragido.

    OPERAÇÃO CARNE FRACA
    PF deflagra ação em grandes frigoríficos

    O objetivo da operação foi desarticular uma suposta organização criminosa liderada por fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura, que, com o pagamento de propina, facilitavam a produção de produtos adulterados, emitindo certificados sanitários sem fiscalização.

    A investigação revelou até mesmo o uso de carnes podres, maquiadas com ácido ascórbico, por alguns frigoríficos, a re-embalagem de produtos vencidos e até papelão na produção de embutidos.

    Entre os presos, estavam executivos da BRF como Roney Nogueira dos Santos, gerente de relações institucionais e governamentais, e André Baldissera, diretor da BRF para o Centro-Oeste.

    Também estavam na lista funcionários da Seara e do frigorífico Peccin –um dos que tinha irregularidades gravíssimas, como uso de carnes podres, segundo a PF–, além de fiscais do Ministério da Agricultura.

    A investigação apontou que os frigoríficos exerciam influência direta no Ministério da Agricultura para escolher os servidores que iriam efetuar as fiscalizações na empresa, por meio do pagamento de vantagens indevidas. Roney dos Santos, executivo da BRF, tinha acesso inclusive ao login e senha do sistema de processos administrativos do órgão, de uso interno.

    "Parece realismo mágico. Infelizmente, não é", disse o juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal do Paraná, que determinou as prisões.

    "Dedo", "luva" e "documento" eram alguns dos termos usados pelos fiscais agropecuários para o pedido de propina. Mas até mesmo caixas de carne, frango, pizzas, ração para animais e botas eram dadas em favor pela vista grossa na fiscalização, disse o juiz Josegrei.

    "É um cenário desolador", afirmou Josegrei. "Resta claro o poderio de intimidação, de influência e de uso abusivo dos cargos públicos que ostentam para se locupletarem, recebendo somas variáveis de dinheiro e benesses in natura das empresas que deveriam fiscalizar com isenção e profissionalismo."

    Editoria de Arte/Folhapress
    OPERACÃO CARNE FRACA - Como funcionava o esquema, segundo a PF
    OPERACÃO CARNE FRACA - Como funcionava o esquema, segundo a PF

    De acordo com a Receita Federal, que também participou da investigação, os fiscais valeram-se de distribuição de lucros e dividendos de empresas fantasmas, da montagem de redes de fast food em nome de testas de ferro e da compra de imóveis em nome de terceiros para esconder o aumento de patrimônio.

    O líder do esquema, segundo a PF, era o fiscal Daniel Gonçalves Filho, que foi superintendente do escritório do Ministério da Agricultura no Paraná entre 2007 e 2016.

    Ele atuava em parceria com pelo menos outros oito servidores do órgão, além de Flávio Evers Cassou, atual executivo da Seara Alimentos, ligada à JBS, que também atuou como fiscal agropecuário entre 2009 e 2014.

    A operação cumpriu 27 mandados de prisão preventiva, 11 de temporária (válida por cinco dias) e 194 buscas e apreensões.

    vídeo operação Carne Fraca

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