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    Em meio a crise, acionistas da BRF fazem acordo para pacificar empresa

    RENATA AGOSTINI
    RAQUEL LANDIM
    DE SÃO PAULO

    25/03/2017 02h00

    Bruno Poletti - 5.set.2016/Folhapress
    SAO PAULO, SP, 05.09.2016: Abilio Diniz - Jantar de Captacao - Lounge da Fundacao Bienal. (Foto: Bruno Poletti/Folhapress, FSP-MONICA BERGAMO) ***EXCLUSIVO FOLHA***
    Abilio Diniz, presidente do conselho de administração da BRF

    Em meio à profunda crise que se abateu sobre a empresa após a Operação Carne Fraca, os principais acionistas da BRF reuniram-se nesta sexta-feira (24) para "pacificar" a empresa.

    Eles decidiram lançar uma única chapa para o conselho da gigante de alimentos, que será votada em abril.

    A BRF decide a cada dois anos sobre um novo mandato para o comando da empresa.

    A chapa prevê a manutenção de Abilio Diniz na presidência do conselho de administração.

    Segundo a Folha apurou, a ideia é que Pedro Faria siga na presidência da empresa, que é dona das marcas Sadia e Perdigão.

    Acertou-se, porém, mudanças na configuração do restante do conselho.

    Cinco executivos, entre eles o consultor Vicente Falconi e o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine foram substituídos. Um novo posto foi criado.

    Os novos nomes são: Francisco Petros (vice-presidente do conselho), Flávia Almeida, Carlos Parcias, Marcos Grasso, Walter Malieni Jr. e José Aurélio Drummond Jr.

    Até a deflagração da Carne Fraca, na sexta (17), que provocou o bloqueio da carne brasileira em vários países, havia um debate intenso sobre o futuro da atual gestão.

    Sob o impacto do primeiro prejuízo registrado pela empresa, de R$ 372 milhões em 2016, acionistas questionaram o desempenho de Faria.

    O controle da BRF, que tem ações em Bolsa, é difuso. Os principais sócios são o fundo Tarpon (12%), o fundo dos funcionários da Petrobras, a Petros (11,4%), e o fundo de pensão do Banco do Brasil, a Previ (10,7%).

    Luiz Fernando Furlan e Walter Fontana Filho, herdeiros do fundador da Sadia, Attilio Fontana, têm participações minoritárias, assim como Abilio.

    CRISE

    A BRF vivia uma tormenta. A empresa perdia participação no mercado interno e os maus resultados levavam à queda das ações.

    Em reunião antes do Carnaval, o representante da Previ no conselho chegou a pedir que se deliberasse sobre a permanência de Faria. Decidiu-se por mantê-lo. A pressão, porém, aumentara.

    O advento da operação da PF, que investiga esquema de pagamento de propina a fiscais do Ministério da Agricultura, minou a capacidade de reação da BRF ao lançar dúvidas sobre a qualidade do produto e fechar mercados.

    Além do dano à imagem, ainda incalculável, as restrições impostas por outros países causaram efeito duplo no desempenho: interromperam parte das vendas e pressionaram a empresa a baixar preços para escoar produção —mais da metade das receitas da BRF vem do exterior.

    Diante da gravidade da situação, ganhou força o discurso de que era preciso "unir forças" para salvar a empresa e que qualquer ruptura no comando neste momento seria ainda mais prejudicial, afirma um executivo.

    MEDIDAS

    Na tentativa de reagir à operação, a BRF anunciou a criação de um grupo "Certificador de Qualidade", encarregado de "reatestar" sua adesão aos padrões internacionais de segurança alimentar.

    Em outra frente, a empresa escalou Furlan para liderar o chamado "Comitê Especial de Resposta".

    De acordo com comunicado da empresa, ele ficará responsável por acompanhar a "situação da companhia" e propor respostas aos "desafios".

    Ex-ministro da Indústria, Furlan foi presidente do conselho de administração da Sadia.

    A empresa está em estado de alerta. Na semana que passou, o conselheiros reuniram-se ao menos três vezes.

    Furlan foi à Brasília conversar pessoalmente com integrantes do governo.

    Abilio intensificou as conversas com executivos enquanto articulava sua permanência no posto.

    Já a diretoria dividiu-se na tentativa de acalmar investidores, clientes e consumidores.

    Um dos problemas a serem resolvidos é o que fazer com os perus que deveriam ser enviados à fábrica de Mineiros (GO), interditada pelas autoridades.

    A solução que vem sendo estudada é a transferência dos animais para outra unidade, em Minas Gerais.

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