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    operação carne fraca

    'Suspeita de corrupção é inaceitável', diz porta-voz da UE sobre Carne Fraca

    DA REUTERS

    28/03/2017 15h59

    Hong Kong suspendeu o embargo às importações de carnes do Brasil, uma das últimas barreiras por um grande importador, mas palavras duras de um comissário da União Europeia em visita ao país sugerem que o escândalo deflagrado pela operação Carne Fraca, da Polícia Federal, ainda não acabou.

    "A suspeita de corrupção é inaceitável", disse Vytenis Andriukaitis, comissário da União Europeia para a saúde e segurança alimentar, depois de reunir-se com o ministro da Agricultura do Brasil, Blairo Maggi, para discutir alegações de que fiscais receberam subornos para fechar os olhos a violações das regras sanitárias.

    Andriukaitis disse estar satisfeito com as tentativas do Brasil de esclarecer a situação, mas também pediu uma ação mais ampla.

    OPERAÇÃO CARNE FRACA
    PF deflagra ação em grandes frigoríficos

    "Espero que as autoridades brasileiras implementem ações corretivas para restaurar a credibilidade de seus controles estatais o mais rápido possível", disse, acrescentando que "a questão não acabou".

    Após a deflagração da operação, que investiga pagamentos de propinas a fiscais sanitários da indústria de carnes, o governo brasileiro bloqueou exportações das 21 fábricas citadas no caso.

    Nos dias seguintes, diversos países foram mais longe, embargando todas as importações de carne do Brasil em meio a preocupações de que irregularidades no setor poderiam ser mais generalizadas, gerando riscos à saúde.

    No entanto, a maioria desses países agora já suspendeu as proibições temporárias, após uma campanha do governo brasileiro junto a parceiros comerciais para informar os padrões da indústria.

    O Centro de Segurança Alimentar de Hong Kong afirmou que liberou as importações brasileiras de carnes após receber informações das autoridades brasileiras esclarecendo o caso, de acordo com uma declaração em seu site.

    BLOQUEIOS DA CARNE - Países impõem restrições à importação de carne brasileira

    Juntamente com a China, que suspendeu a proibição no último sábado, Hong Kong comprou quase um terço dos 14 bilhões de dólares em exportações de carnes realizadas pelo Brasil no ano passado.

    Hong Kong é o segundo maior importador de carne suína do Brasil, e o sexto entre os maiores importadores de carne de frango.

    O país asiático, vinculado à China, restringiu sua proibição para envolver apenas as 21 plantas brasileiras que estão em investigação pelas autoridades nacionais e expressou confiança nas "rigorosas verificações dos procedimentos de emissão de certificados sanitários internacionais" pelas autoridades brasileiras.

    "A retomada das exportações de proteína animal para Hong Kong deve colocar as exportações de proteína animal do Brasil em uma situação próxima da normalidade", disse o presidente da presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que reúne exportadores de carne suína e de frango, Francisco Turra.

    Segundo nota da entidade, a retomada dos embarques deve aliviar a pressão na estrutura logística do setor, reduzindo também a possibilidade de oferta excessiva de produtos no mercado interno, além de diminuir os prejuízos registrados até o momento pelo setor, com custos logísticos e vendas não efetivadas.

    O ministro da Agricultura do Brasil, Blairo Maggi, disse na véspera que as investigações não encontraram produtos que podem causar mal à saúde, mas admitiu que o país sofrerá para recuperar a confiança do mercado internacional.

    A Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, atingiu fortemente as exportações do maior exportador mundial de carne bovina e frango. As exportações de carne caíram em um quinto na última semana, disse a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) na segunda-feira.

    O Brasil determinou o fechamento temporário de seis das 21 plantas que estão sob investigação da polícia e autoridades sanitárias. As outras 15 plantas não estão autorizadas a exportar, embora possam produzir para o mercado doméstico.

    A União Europeia manteve uma suspensão parcial, envolvendo produtos das 21 plantas sob investigação.

    Nos Estados Unidos, a pressão está sobre o governo federal para que ele se junte a outros países no bloqueio às importações de carne bovina in natura do Brasil. O país teve acesso a este mercado nos EUA no ano passado, representando um importante selo de aprovação perante outros importadores.

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