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    BC indica ritmo mais forte de corte nos juros e reduz previsão do PIB

    MAELI PRADO
    DE BRASÍLIA

    30/03/2017 08h57

    Em um cenário de inflação sob controle e fraca atividade econômica, o Banco Central fala em "intensificação moderada" do ritmo de cortes da taxa de juros básica da economia, a Selic, no seu Relatório Trimestral de Inflação, publicado nesta quinta-feira (30).

    Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, a taxa básica foi reduzida em 0,75 ponto percentual, para 12,25% ao ano.

    "A consolidação do cenário de desinflação mais difundida, que abrange os componentes da inflação mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, fortalece a possibilidade de uma intensificação moderada do ritmo de flexibilização da política monetária, em relação ao ritmo imprimido nas duas últimas reuniões do Copom", indica o relatório.

    O BC apresentou quatro cenários diferentes para a inflação. Os mais importantes deles são o chamado "cenário de referência", que presume que juros e câmbio permanecerão no patamar atual até o final do ano, e o "cenário de mercado", que leva em conta as projeções dos analistas de mercado para a taxa Selic e para o dólar.

    O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Viana de Carvalho, recomendou que o melhor cenário a ser considerado na atual conjuntura, de inflação sob controle e juros em queda, seja o de mercado.

    Confira a evolução da taxa Selic - Em % ao ano

    Nessa projeção, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) estará em 4% no fim deste ano. Se o que se levar em conta for o cenário de referência, a inflação oficial estará em 3,9% em dezembro deste ano.

    "No momento atual, com tendência de flexibilização monetária, é mais informativo levar em conta um cenário que reflita essa tendência", disse.

    A variação de preços prevista está abaixo do centro da meta de inflação para o ano, de 4,5%.

    Questionado sobre se o fato de inflação estar abaixo do centro da meta é um sinal que o BC foi excessivamente conservador na política monetária, Viana declarou que a autoridade monetária não combate os "efeitos diretos da inflação", como o impacto das boas safras agrícolas, que reduziram os preços de alimentos e puxaram o IPCA para baixo.

    "A todo momento você está sujeito a choques, para os dois lados, abaixo da meta e acima da meta. Não cabe à política monetária combater efeitos diretos sobre a inflação".
    Em 2018, de acordo com projeção do relatório pelo cenário de mercado, a expectativa é que o IPCA fique em 4,5% —pelo cenário de referência, é de 4%.

    O BC revisou sua previsão para a inflação oficial de 2017 de 4,4% para 3,9%. A variação de preços prevista está abaixo do centro da meta de inflação para o ano, de 4,5%.

    Em 2018, de acordo com projeção do relatório, a expectativa é que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) fique em 4,3%.

    PIB

    Além da inflação sob controle, o BC vê a economia desaquecida mais desaquecida, já que reviu sua projeção para o PIB de 0,8%, no último relatório, em dezembro, para 0,5%.

    A projeção da autoridade monetária para a indústria caiu de um crescimento de 0,6%, no último relatório, em dezembro, para uma queda de 0,1% agora.

    "[É uma] redução consistente com a retração de 2,7% prevista para a construção civil e com os crescimentos esperados para as indústrias extrativa (0,5%) e de transformação (0,6%), e para a distribuição de eletricidade, gás e água (2,0%)", afirma o BC no relatório.

    A autoridade monetária, que apostava em alta da atividade do setor de serviços de 0,4% em dezembro, reduziu sua previsão para 0,1% no relatório desta quinta. Para o comércio, a perspectiva é de crescimento de 0,7%.

    A projeção para o consumo das famílias, que era de alta de 0,4% em dezembro, foi revisada para um crescimento de 0,5% —em 2016, esse indicador caiu 5,2%, o pior resultado da série histórica. "Esse cenário repercute o ambiente de aumentos da renda real e dos indicadores de confiança, os impactos da liberação dos recursos das contas inativas do FGTS e as perspectivas de estabilização do mercado de trabalho, no segundo semestre", diz o texto.

    Com o corte de despesas que o governo vem promovendo para cumprir a meta fiscal de 2017, de um deficit primário de R$ 139 bilhões, o consumo do governo deve ter aumento de 0,2%, ante uma perspectiva anterior de 0,5% de alta.

    Os investimentos cairão 0,3%, na avaliação do BC —em dezembro, no último relatório, a projeção era de alta de 0,3%. Isso reflete "a piora no cenário esperado para construção civil e para absorção de bens de capital", diz o BC.

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