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    Minas quer levantar R$ 20 bi com fundos e desconto a inadimplentes

    CAROLINA LINHARES
    DE BELO HORIZONTE

    30/03/2017 11h41 - Atualizado às 12h52

    Alan Marques - 2.mar.2016/Folhapress
    Pimentel diz que decreto de calamidade em Minas Gerais é 'incontornável
    Governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), quer aumentar arrecadação do Estado em crise

    O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), anunciou nesta quinta-feira (30) projetos para aumentar os recursos do Estado por meio de seis novos fundos e de incentivos ao pagamento de impostos atrasados.

    A expectativa é levantar R$ 20 bilhões nos próximos dois ou três anos. O Estado, que decretou calamidade financeira, vem parcelando o pagamento de servidores e fechou 2016 com deficit de R$ 4,16 bilhões.

    As propostas, reunidas em dois projetos de lei, precisam ser aprovadas pela Assembleia Legislativa, onde o governador tem maioria. Os textos serão enviados à Casa nesta quinta e, segundo o líder do governo, deputado Durval Angelo (PT), a aprovação deve ocorrer até o fim de maio.

    "São iniciativas ousadas para as quais estamos pedindo apoio da Assembleia. Não é simplesmente arrecadar recursos, é alavancar nossa economia para enfrentar a recessão", disse Pimentel.

    "É o contrário do que estamos vendo no plano federal, que está onerando as empresas ao tirar a desoneração da folha de pagamento no momento que temos 13 milhões de desempregados. Essa receita não é boa", completou.

    ALUGUEL

    A proposta mais polêmica é o pagamento de aluguel por imóveis de propriedade do Estado, como Cidade Administrativa (sede do governo). A ideia é transferir a propriedade de cerca de 4.000 imóveis para um fundo estatal, que cobrará aluguel pelo uso dos espaços.

    "Esse fundo será inalienável, ou seja, não poderá ser vendido. Então, é bobagem dizer que vamos vender a Cidade Administrativa", afirmou o secretário da Fazenda, José Afonso Bicalho.

    "Não vamos privatizar nada, não vamos vender nada", disse Pimentel, que se opõe ao projeto de recuperação dos Estados proposto governo federal. O programa exige contrapartidas como privatizações e cortes de gastos.

    A verba dos aluguéis, por sua vez, será revertida para outro fundo de renda fixa, que venderá cotas a investidores. Outros 1.600 imóveis que o Estado não utiliza estarão disponíveis para venda também nesse fundo.

    Minas quer arrecadar de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões com a medida. "É usar de forma inteligente um ativo que o Estado tem. Ao tirar do Tesouro e criar os fundos, eu crio o aluguel. [...] Crio um fluxo de recebimentos estável e de longo prazo e, com isso, crio capacidade de captar dinheiro no mercado", disse Bicalho.

    "Em vez de irmos com pires ao governo federal, estamos cobrando dele o que ele nos deve e fazendo nosso dever de casa com uma forma criativa de retomar investimentos", completou o secretário. Minas cobra da União ao menos R$ 70 bilhões em compensações pela Lei Kandir.

    O governo mineiro quer estabelecer ainda dois fundos para pagamentos de garantias de Parcerias Público Privadas —o que destravaria concessões—, um para reunir a dívida ativa e outro que unifique as verbas disponíveis para investimentos.

    DESCONTO EM IMPOSTOS

    Um dos projetos de lei do Executivo trata de incentivos a contribuintes inadimplentes. No ICMS, o desconto pode chegar a 90% das multas no pagamento à vista. Para o IPVA, haverá suspensão total da multa se a dívida for paga à vista.

    Outra iniciativa é que credores de ICMS possam monetizar parte do crédito desde que usem a verba para investimentos em Minas Gerais. Segundo Pimentel, há R$ 4 bilhões em créditos de ICMS.

    A dívida ativa de Minas Gerais é de R$ 63 bilhões —o governo pretende levantar R$ 2 bilhões de imediato. O projeto prevê ainda desconto de 1% no ICMS para aqueles que pagarem o imposto em dia por um ano e 3% no IPVA para os adimplentes nos próximos dois anos.

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