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    Pela primeira vez em 4 anos, menos de 90 milhões têm uma ocupação

    NICOLA PAMPLONA
    DO RIO

    01/04/2017 02h00

    Com o aumento do desemprego no país, que chegou a 13,2% em fevereiro, a taxa de ocupação (medida pelo número de pessoas empregadas entre aqueles com idade para trabalhar) continuou a se deteriorar e atingiu o seu menor patamar desde 2012, quando o IBGE iniciou a pesquisa.

    No período de dezembro do ano passado a fevereiro deste ano, apenas 53,4% dos 167,4 milhões de brasileiros aptos a trabalhar (ou 89,3 milhões de pessoas) tinham uma ocupação. Foi a primeira vez, desde 2013, que o número de ocupados caiu abaixo de 90 milhões.

    Nos três meses imediatamente anteriores, esse número era de 54,1% e chegou a estar na casa de 57% em 2014, antes do início da recessão.

    "A taxa de ocupação vem caindo de forma muito rápida, o que mostra que a economia está de fato muito fraca neste momento. Não é só uma crise profunda, mas também duradoura", disse o pesquisador da área de economia aplicada do FGV/Ibre, Fernando de Holanda Barbosa Filho.

    Nível da ocupação - Indicador que mede o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar

    Taxa de desocupação - Por trimestre móvel, em %

    De fato, os dados divulgados pelo IBGE mostram que a situação piorou.

    O número de desempregados subiu 30,6%. A estatística considera apenas aqueles que disseram ter procurado emprego no trimestre pesquisado. Isso significa que, em um ano, o número de pessoas na fila do emprego aumentou em 3,2 milhões.

    Na comparação anual, a perda de vagas atinge principalmente a indústria, setor em que o número de pessoas ocupadas caiu 4,3%, a construção civil (-9,7%), a agricultura (-7,4%) e os serviços domésticos (-3,1%).

    No período, houve grande queda, de 4,8%, no número de trabalhadores por conta própria, posição que vinha sendo encarada como uma alternativa para sobreviver ao desemprego, e o número de trabalhadores com carteira assinada teve queda de 3,3%.

    Rendimento médio real - Habitualmente recebido em todos os trabalhos pelas pessoas ocupadas, por trimestre móvel, em R$

    "É uma queda forte e de lenta recuperação. Ao se destruir um posto de trabalho, a recuperação leva tempo", afirmou o coordenador de emprego e rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.

    JÁ FOI PIOR

    Ele ressaltou, porém, que os indicadores de fevereiro mostram retração menor do que em períodos anteriores. O crescimento da taxa de desemprego com relação ao ano anterior, por exemplo, é inferior aos 40,3% verificados no mesmo período de 2016.

    "Estamos diante de um cenário desfavorável, com recordes de desocupação, mas as taxas estão subindo menos com relação ao ano passado", afirmou Azeredo.

    Ele evitou, porém, análises sobre a sustentabilidade deste movimento.

    Para Barbosa, da FGV, o desemprego só deve começar a recuar no segundo semestre.

    Desde antes da crise, a taxa de desemprego praticamente dobrou: no primeiro trimestre de 2014, era de 7,7%. Desde então, 6,9 milhões de pessoas entraram na fila do emprego no país.

    Índice de atividade econômica - Série com ajuste sazonal. Comparação com o mês anterior, em %

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