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    Ação do governo lança dúvida sobre recuperação da Oi, afirma acionista

    JULIO WIZIACK
    DE BRASÍLIA

    03/04/2017 02h00

    Nacho Doce/Reuters
    The logo of Brazil's largest fixed-line telecoms group Oi is seen inside a shop in Sao Paulo October 2, 2013. Oi SA on April 25, 2016, formally started talks to restructure $14.3 billion of bonds, pitting some of the world's biggest investors against each other as Brazil's most-indebted phone carrier fights for its survival. REUTERS/Nacho Doce/File Photo ORG XMIT: TOR602
    Logo da Oi

    A ameaça de intervenção do governo na Oi não parece ter acuado Nelson Tanure. Para o empresário, um dos maiores acionistas da operadora, o governo caiu em um falso discurso de investidores "abutres" que, segundo ele, querem destruir a empresa.

    "A Oi atende a todas as metas de qualidade, as reclamações de clientes diminuíram, o caixa praticamente dobrou desde que a companhia pediu recuperação judicial", disse Tanure em entrevista à Folha.

    "O caso da Oi é a [Operação] Carne Fraca das telecomunicações. Tentam propagar informações falsas para tentar enganar o governo e fazer a população acreditar que a Oi não tem recuperação, que não conseguirá honrar com seus compromissos de pagamento", afirma.

    Tanure faz uma referência à operação da Polícia Federal sobre um esquema de corrupção entre frigoríficos e fiscais do Ministério da Agricultura, cuja divulgação abalou a reputação de qualidade da carne brasileira.

    Ele diz estar disposto a tirar dinheiro do próprio bolso para que a companhia volte a crescer. Afirma que, junto com outros investidores, está pronto para injetar US$ 2 bilhões.

    Segundo Tanure, entre os fundos que estariam propagando informações para prejudicar a empresa está o Aurelius, que pediu a falência da Oi na Holanda. Diante de tentativa frustrada, esse grupo se juntou a outros fundos para apresentar uma proposta paralela de recuperação.

    Maior concessionária do país, a Oi tenta renegociar dívida de R$ 64,5 bilhões.

    O governo ameaça com a intervenção porque, decretada a falência, o juiz terá liberdade para decidir o que fazer: vender a empresa inteira ou em pedaços, por exemplo.

    Desde junho passado, quando a tele entrou em recuperação, acionistas e credores não se entendem. Os credores não querem ter 70% da dívida cancelada. Os acionistas, por sua vez, não aceitam dar um pedaço grande da empresa para os credores porque teriam sua participação reduzida e perderiam assentos no conselho.

    Inicialmente o plano previa a entrega de 95% das ações para credores, índice que baixou para 70% e agora está em 25%.

    Além disso, Tanure e os portugueses da Pharol também se desentendem.

    O brasileiro comprou 2% das ações da Pharol para pôr fim à resistência dos portugueses em aceitar dois representantes de Tanure no conselho de administração.

    Em novembro, Tanure e Rafael Mora, representante da Pharol, quase saíram no tapa. Meses depois, Mora renunciou ao posto.

    Nos bastidores, diz-se que Tanure teria um terço das ações da Oi, quantia nas mãos de fundos e investidores aliados a ele. Trocado o conselho, esses investidores apoiariam indicações do empresário. Tanure diz que esses rumores são "absurdos".

    "A Oi foi muito prejudicada por interferências no passado. O que ela precisa agora é de apoio", diz Tanure.

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